O Joburg Film Festival retorna ao coração da indústria do entretenimento da África do Sul, entre os dias 11 e 16 de março, com sua sétima edição. Os organizadores afirmam que o evento foi projetado para celebrar “as experiências e emoções compartilhadas que nos unem por meio da arte de contar histórias”. Inspirado na reputação de Joanesburgo como a “cidade do ouro”, o festival gira em torno do tema de um “fio dourado” que percorre sua seleção de quase 100 filmes, entre longas, curtas e documentários. A programação inclui desde sucessos de festivais como Sundance, Berlim e Cannes até produções inéditas do país-sede e do continente africano.
“Quis encontrar filmes que ressoassem em um nível emocional e empático”, diz Nhlanhla Ndaba, curador do Joburg Film Festival. “Para nos lembrar de que somos uma aldeia global e espalhar um pouco de amor enquanto enfrentamos a realidade do que está acontecendo no mundo.” O festival começa com a estreia africana de Ernest Cole: Lost and Found, documentário premiado em Cannes dirigido por Raoul Peck, que retrata a vida do fotógrafo sul-africano pioneiro que corajosamente documentou os horrores do apartheid antes de se mudar para Nova York nos anos 1960.
Ndaba, que foi inspirado pelas poderosas imagens de Cole durante sua infância e credita ao fotógrafo o despertar de sua “consciência política”, conta à Variety que não pensou duas vezes em trazer “este incrível filme de volta para casa, completando a jornada de Cole ao permitir que o público sul-africano mergulhe em sua história contada por suas próprias palavras”. Durante os seis dias do evento, serão exibidas 28 estreias africanas e 12 mundiais. Destaques incluem The Girl With the Needle, de Magnus von Horn, indicado ao Oscar; To a Land Unknown, de Mahdi Fleifel, selecionado para a Quinzena dos Realizadores de Cannes; e Sugar Island, da cineasta dominicana Johanne Gomez Terrero, que estreou no Venice Days e terá sua primeira exibição na África.
Representando a África do Sul, estão filmes como Happy: The True Story of Happy Sindane, de Vusi Africa, que celebra sua estreia mundial; Bos, thriller pós-apocalíptico de Hendrik Cronje e Mari Molefe van Heerden; e Old Righteous Blues, de Muneera Sallies, escolhido para representar o país na categoria de melhor filme internacional do Oscar. Outro destaque é a estreia mundial de The Man Died, adaptação do livro do ganhador do Nobel Wole Soyinka, dirigida pelo cineasta nigeriano Awam Amkpa.
O júri do festival é composto por nomes como a atriz, diretora e curadora sul-africana Sthandiwe Kgoroge; o produtor e presidente do sindicato de diretores nigerianos Victor Okhai; e a cineasta sul-africana Muneera Sallies. Paralelamente ao festival, ocorre a terceira edição do JBX (Joburg Xchange), um evento de três dias que reúne palestras, workshops, painéis e masterclasses. Timothy Mangwedi, diretor executivo do Joburg Film Festival, afirma que o JBX foi criado para “capacitar profissionais com as ferramentas necessárias para navegar em um cenário midiático em rápida evolução”.
Ndaba ressalta a importância da sinergia entre os dois eventos para os profissionais do cinema africano. “Crescemos a cada edição, mas a autenticidade é fundamental. Para contarmos histórias autênticas, precisamos garantir que os cineastas tenham a oportunidade de se conectar com potenciais financiadores”, diz ele. “É importante que participem do JBX, onde podem expandir suas redes e criar colaborações para suas histórias.” Um exemplo dessa sinergia é a exibição de sete filmes de diretores estreantes que surgiram de uma sessão de pitches no JBX do ano passado, fruto de uma parceria entre o festival e a plataforma pan-africana Showmax.
Entre os cineastas participantes do JBX está Raoul Peck, indicado ao Oscar, que ministrará uma masterclass durante o evento. Ndaba destaca a importância da obra do diretor haitiano, incluindo sua biografia impactante Lumumba, sobre o ícone revolucionário congolês. “Ele aprofundou minha compreensão do que significa enfrentar o mundo como uma pessoa de cor e da resiliência que isso exige”, afirma Ndaba. “Isso é especialmente importante diante da política global atual, onde todos precisaremos dessa resiliência para sobreviver à tempestade Trump.”
O Joburg Film Festival acontece de 11 a 16 de março.
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Este artigo foi inspirado no original disponível em variety.com
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SIM