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Produtor José Manuel Lorenzo Receberá Prêmio Honrário de Ficção no Conecta

Produtor José Manuel Lorenzo Receberá Prêmio Honrário de Ficção no Conecta

José Manuel Lorenzo, produtor dos sucessos globais da Netflix “The Gardener” e “Raising Voices”, será agraciado com o Prêmio Honorário do Conecta Fiction deste ano. A cerimônia ocorrerá durante o Conecta Fiction & Entertainment, entre 16 e 19 de junho, desta vez sediado em Cuenca, a apenas uma hora de trem de Madrid. Segundo a organização, o prêmio celebra sua carreira excepcional no setor audiovisual, destacando-o como peça fundamental na evolução da televisão espanhola moderna e no impulso de produções ficcionais como vetores culturais e de exportação. “José Manuel Lorenzo personifica como poucos a paixão e a transformação que impulsionam a indústria na Espanha”, afirmou o comitê do evento.

Atualmente presidente e fundador da DLO Producciones, subsidiária do grupo Banijay, Lorenzo é um dos poucos nomes que acompanharam de perto toda a trajetória da TV espanhola moderna, desde sua reestruturação no final dos anos 1980, com o surgimento de canais como Antena 3, Telecinco e Canal+ España. Em um feito raro, ainda na casa dos 30 anos, ele ocupou cargos de liderança nas três emissoras: começou como diretor comercial da RTVE, passou pela Publiespaña (unidade de vendas da Mediaset) após uma entrevista de quatro horas com Silvio Berlusconi — que o contratou com uma oferta irrecusável, embora o modelo da empresa não fosse seu “estilo”, como confessou à Vanity Fair España.

Seu verdadeiro estilo sempre foi a produção de ficção espanhola. Em 1993, assumiu a diretoria comercial da Antena 3, tornando-se diretor-geral dois anos depois. Ali, consolidou noticiários e impulsionou séries nacionais que pavimentaram o sucesso atual da TV do país. Na década de 1990, poucas produções americanas figuravam entre as mais assistidas na Espanha, enquanto roteiristas como Álex Pina e Ramón Campos (hoje consagrados na era streaming) davam seus primeiros passos nas emissoras abertas. Essa aposta precoce em conteúdo autoral — 15 anos antes da América Latina — solidificou a expertise espanhola em produções seriadas.

Apesar de sua admiração por Antonio Asensio, dono da Antena 3, o visual despojado de Lorenzo desagradou aos executivos conservadores da Telefónica, que adquiriu o grupo em 1997. Migrou então para o Canal+, onde dirigiu a emissora até 2004, mas seu coração permaneceu na produção. Fundou a Drive (2004), presidiu a Boomerang e, em 2011, criou a DLO Producciones, buscando estruturar financiamento e distribuição internacional para seus projetos. Algumas apostas, como o filme “Solo Quiero Caminar”, não emplacaram, enquanto outras, como o musical “Hoy no me puedo levantar”, conquistaram público, mas não lucros expressivos. Já “El Ángel de Budapest” (RTVE, 2012) venceu um Prêmio Ondas, e “La Caza. Monteperdido” (2019) foi sucesso de audiência e levou o prêmio do público no Festival de Luchon, na França.

O cenário mudou a partir de 2017, com o apoio da Banijay e a ascensão do streaming. Netflix e Movistar Plus+ abriram portas para Lorenzo exercer sua vocação: produzir com independência criativa, acesso a financiamento e distribuição global. Dessa fase, destacam-se “Tell Me Who I Am” (2020-21), thriller de espionagem co-produzido com a Telemundo, e “The Inmortal – Gangs of Madrid” (2022-24), drama policial baseado em fatos reais que rendeu uma segunda temporada após passar pelo Canneseries. Em 2023, “Raising Voices” liderou o ranking global da Netflix fora do inglês, seguido por “The Gardener” em abril de 2024.

À frente da DLO, Lorenzo adota um modelo artesanal: produz apenas uma série por vez, com envolvimento criativo direto — chegando a co-criar “Raising Voices” e a inovar na narrativa de “El Inmortal”, com finais de episódio que sugerem continuidade além da tela. Recentemente, revisitou suas raízes, gravando “The Gardener” em Pontevedra, sua terra natal, e “La Caza. Monteperdido” nos Pirineus, paisagens que o inspiram. “Não saberia fazer de outro jeito”, diz sobre sua dedicação. E, para Lorenzo, paixão nunca foi apenas uma palavra — e sim sua marca registrada.


Este artigo foi inspirado no original disponível em variety.com
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