Após brilhar como o vingador mascarado no premiado sucesso O Conde de Monte Cristo, Pierre Niney volta às telas como um carismático, porém tóxico, treinador de celebridades em Guru, o eletrizante thriller psicológico de Yann Gozlan que a Studiocanal apresentará no mercado de Cannes esta semana. Gozlan, que exibe seu mais recente filme, Dalloway, no Festival de Cannes deste ano, reencontra Niney pela terceira vez, após Um Homem Ideal e Caixa Preta, dois de seus maiores sucessos. Em Guru, Niney divide a tela com Marion Barbeau, Anthony Bajon e Holt McCallany.
Além de protagonizar, Niney também co-produz o filme por meio de sua produtora, Ninety Films, em parceria com Wassim Beji da WY Productions. A Studiocanal lançará o filme na França em 28 de janeiro e cuidará das vendas internacionais. Antes do festival, Niney conversou com a Variety sobre a origem do projeto, desenvolvido com Gozlan e o roteirista Jean-Baptiste Delafon (De Dinheiro e Sangue, O Bureau), transformando-o em um thriller paranoico de alta tensão, inspirado em obras como Magnólia e Nightcrawler. O ator também falou sobre o cinema francês contemporâneo e seu próximo projeto com Asghar Farhadi, Contos Paralelos.
De onde veio a ideia de um thriller sobre um treinador famoso?
Essa ideia já habitava minha mente há muito tempo. Queria explorar o poder da palavra, a capacidade de hipnotizar plateias e, de certa forma, controlá-las. Tom Cruise foi uma inspiração, assim como Nightcrawler, com Jake Gyllenhaal — embora seja mais sobre voyeurismo, admiramos a fascinação por personagens complexos. Curiosamente, embora os coaches estejam em toda parte, especialmente nas redes sociais, ainda não havia um filme assim nos EUA. Isso torna o tema único.
Por que Yann Gozlan era o diretor ideal?
Yann é um dos cineastas mais talentosos do mundo quando o assunto é thriller e estudos de personagem com tons de paranoia. Apresentei a ele a ideia, e ele a transformou completamente, envolvendo Jean-Baptiste Delafon no roteiro. Yann é meticuloso, apaixonado por cinema e um fã de Hitchcock — algo que compartilhamos. Sua visão cinematográfica é incrível.
Como você se preparou para o papel?
Pensei em filmes como Magnólia, O Lobo de Wall Street e Sangue Negro, onde personagens usam palavras para despertar algo perigoso nos outros. Pesquisei coaches reais, muitos deles acessíveis em redes sociais. Há uma linha tênue entre inspiração e manipulação, e o filme explora isso. Algumas histórias são chocantes, como coaches que assumem empresas inteiras.
Matthieu Vasseur é um sociopata?
Ele acredita genuinamente no que faz. Não é um cínico, e essa ambiguidade o torna fascinante. O filme questiona até que ponto sua influência é positiva ou tóxica.
O cinema francês está mais ousado?
Estamos retomando a grandiosidade. Com tantas opções de streaming, precisamos oferecer experiências únicas nos cinemas. Guru não é um blockbuster, mas tem uma visão forte. E filmes como Anatomia de uma Queda mostram que o cinema francês está em um momento especial.
E sobre trabalhar com Asghar Farhadi?
É uma oportunidade rara: um diretor brilhante, um elenco incrível (com Isabelle Huppert, Vincent Cassel e Catherine Deneuve) e um roteiro excelente. Quando tudo se alinha, é mágico.
Interesse em Hollywood?
Amo a França e nosso cinema. Se surgirem bons projetos nos EUA, claro que considero, mas temos uma tradição cinematográfica excepcional aqui. Não somos “irmãos menores” de Hollywood — temos nossa própria grandeza, desde os tempos de Alain Delon e Jacques Audiard.
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Este artigo foi inspirado no original disponível em variety.com
VERSATILIDADE DE PIERRE NINEY?
EXTRAORDINÁRIA