Quando seus caminhos se cruzaram pela primeira vez no programa de variedades em espanhol “Sábado Gigante”, nos anos 1990, Lili Estefan e Raúl De Molina estavam em trajetórias profissionais completamente distintas. De Molina, um fotógrafo renomado, havia trocado as zonas de guerra da América Central e do Sul pela vida de paparazzo, capturando imagens de celebridades que apareciam em revistas ao redor do mundo. Enquanto isso, Lili Estefan, sobrinha da cantora Gloria Estefan, estava apenas começando sua carreira na televisão como modelo no programa e como DJ de uma rádio local de Miami. Eles vinham de mundos diferentes, mas, dentro de uma década, iniciariam uma parceria que, como ambos afirmam, durou mais do que a maioria dos casamentos.
Há 27 anos — sim, você leu certo —, o duo comanda o programa de notícias sobre entretenimento “El Gordo y la Flaca” (que significa “O Gordo e a Magra”), um dos programas mais assistidos e de maior duração da Univision. Estreando em 1998, o show transformou Estefan e De Molina em presenças constantes nos lares de comunidades hispanófonas dos Estados Unidos à América Central. Por essa influência cultural duradoura, eles receberão uma estrela na Calçada da Fama de Hollywood. Para ambos, este momento vai além deles.
Lili Estefan teve seu primeiro contato com a Calçada da Fama em 1982, aos 16 anos, durante sua primeira visita a Hollywood. “Lembro quando ouvi falar do Sonho Americano e, por muito tempo, senti que ele era possível”, ela conta à Variety. “Mas isso é tão exclusivo. É uma bênção. Está abrindo portas para quem está vindo atrás de mim, para meus filhos e netos verem um dia. É algo lindo.”
De Molina, que já caminhou pela Calçada da Fama inúmeras vezes, destaca que poucos nomes da mídia de entretenimento hispânica foram incluídos nesse seleto grupo, como Don Francisco, do “Sábado Gigante”, e Cristina Saralegui, conhecida como a “Oprah cubana”. Ele afirma que se sente honrado em fortalecer essa representação. “Entramos nas casas das pessoas todos os dias às 16h, e o mais bonito é quando nos param na rua e dizem que nos sentem como parte da família”, diz ele. “É assim que nos sentimos ao ser reconhecidos com uma estrela no lugar mais importante do mundo do entretenimento.”
Para ambos, a homenagem trouxe reflexões sobre como chegaram até aqui. De Molina começou como fotógrafo freelancer para veículos como Associated Press, Time e Newsweek. Mas o surgimento de “Miami Vice” mudou tudo. De repente, ele estava fotografando estrelas como Don Johnson e Philip Michael Thomas. “Don uma vez me disse: ‘Você tem mais fotos minhas do que minha própria mãe.'” Seu sucesso como paparazzo o colocou em contato com celebridades e até membros da realeza, como a princesa Carolina de Mônaco e a princesa Diana do Reino Unido. Ele conhecia o trajeto de corrida de Madonna e, no dia do lançamento do polêmico livro “Sex”, em 1992, ele a esperou e correu ao seu lado para conseguir uma entrevista que rodou o mundo.
Enquanto isso, Lili Estefan começou como uma das três modelos originais do “Sábado Gigante” quando o programa se mudou para Miami, em 1986. Aos 20 anos, ela já tinha seu próprio segmento no canal 23, chamado “Lili, Câmera, Ação”, e um programa de rádio. “Aprendi a falar sobre qualquer coisa naquela época”, diz ela. Na Univision, foi abordada pelo produtor Mario Rodriguez, que inicialmente confundiu com um motorista de limusine, para integrar um novo programa ao lado de De Molina.
Intitulado de forma irreverente, “El Gordo y la Flaca” se mostrou resistente em um mercado volátil. Lili atribui o sucesso à forma cativante como De Molina captura a atenção do público. Ele, por sua vez, elogia a capacidade dela de sempre enxergar as coisas de um novo ângulo. “Nossa química transcendeu gerações”, diz ela. “Nossas personalidades são tão diferentes. Ele está lá, e eu estou aqui. Talvez seja por isso que funciona.”
Ao longo dos anos, o programa se manteve autêntico, mostrando a parceria dos apresentadores dentro e fora das câmeras. “Você tem que ser você mesmo, não dá para fingir”, afirma Lili. Mas eles aprenderam a ser cautelosos em uma era onde qualquer deslize pode viralizar nas redes sociais antes do próximo intervalo comercial. Um dos segmentos mais populares, por exemplo, era uma entrevista com celebridades em uma jacuzzi, que foi aposentado há uma década.
Até o nome do programa, que faz referência às aparências físicas dos apresentadores, não seria considerado politicamente correto hoje. Mas eles abraçam essa herança dos primeiros anos, embora De Molina tenha perdido 60 quilos recentemente, e Lili brinque que não há garantias de que ela ainda seja “a magra” após ter dois filhos.
Sem planos de se aposentar tão cedo, Lili ri ao dizer: “Se aguentamos 27 anos juntos, acho que podemos continuar.” Enquanto celebram sua estrela coletiva, De Molina lembra de quem previu que ele chegaria lá. “Minha mãe ficaria extremamente feliz”, diz ele. “Ela faleceu há 10 ou 12 anos, mas uma vez disse a alguém: ‘Meu filho é tão famoso quanto Elvis Presley.’ Ela disse que eu teria uma estrela na Calçada da Fama — e olha onde estamos.”
DETALHES:
O QUE: Lili Estefan e Raúl De Molina recebem uma estrela na Calçada da Fama de Hollywood.
QUANDO: 27 de fevereiro, às 11h30.
ONDE: 7076 Hollywood Blvd., Hollywood.
SITE: walkoffame.com
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Este artigo foi inspirado no original disponível em variety.com
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