Bob Bakish deixou a Paramount Global em abril de 2024 como CEO, mas não saiu de mãos vazias: seu pacote de rescisão, conhecido como “paraquedas dourado”, chegou à impressionante marca de US$ 69,3 milhões. Os detalhes do acordo foram divulgados em um documento enviado pela Paramount à SEC na sexta-feira. Somando todos os valores, Bakish recebeu US$ 86,96 milhões em 2024 – um salto significativo em relação aos US$ 31,3 milhões do ano anterior. O montante incluiu salário de US$ 2,61 milhões (até sua saída) e premiações em ações no valor de US$ 15,1 milhões.
Bakish, que trabalhou na Paramount e na antiga Viacom por quase três décadas, foi desligado enquanto o conselho da empresa e a acionista controladora Shari Redstone negociavam a fusão com a Skydance Media, de David Ellison. O acordo de US$ 8 bilhões foi assinado em 7 de julho de 2024 após meses de negociações intermitentes e ainda aguarda aprovação do FCC.
Com a saída de Bakish, a Paramount criou um “Escritório do CEO” composto por três executivos: George Cheeks (CBS), Chris McCarthy (Showtime/MTV Entertainment Studios) e Brian Robbins (Paramount Pictures e Nickelodeon). Cada um deles recebeu um bônus de US$ 6 milhões em 2024 por assumirem o cargo de co-CEOs. Seus contratos também foram alterados no ano anterior para garantir benefícios em caso de demissão ou rebaixamento. Os três tinham salário base anual de US$ 2,75 milhões, com remuneração total de US$ 22,15 milhões (Cheeks), US$ 19,48 milhões (McCarthy) e US$ 19,6 milhões (Robbins), incluindo premiações em ações.
Em um relatório complementar ao 10-K de 2024, o comitê de remuneração da Paramount destacou os resultados alcançados sob a liderança dos três co-CEOs: receita do Paramount+ cresceu 33%, com 10 milhões de novos assinantes (totalizando 77,5 milhões até o fim do ano); cinco filmes da Paramount Pictures lideraram as bilheterias nos EUA; e a empresa renovou contratos importantes com distribuidores como Charter, Nexstar e Scripps. Além disso, a equipe gerou US$ 752 milhões em fluxo de caixa operacional e economizou US$ 500 milhões em custos anuais, incluindo demissões em várias áreas.
A Paramount também revelou os ganhos de outros executivos: o CFO Naveen Chopra (US$ 8,78 milhões), a diretora de RH Nancy Phillips (US$ 4,2 milhões) e a ex-conselheira geral Christa D’Alimonte (US$ 8,92 milhões até sua saída em junho).
Enquanto isso, a fusão com a Skydance segue em análise pelo FCC. Relatórios indicam que a agência pode exigir que a Paramount abandone iniciativas de diversidade corporativa para aprovar o negócio – uma exigência alinhada com a agenda anti-DEI do governo Trump. O presidente do FCC, Brendan Carr, já afirmou que bloqueará fusões de empresas midiáticas que promovam tais programas. A Paramount, inclusive, já ajustou parte de suas políticas de diversidade em fevereiro para se adequar às diretrizes.
Outro fator que pode influenciar a decisão do FCC é o processo de Trump contra a CBS, acusando a edição “enganosa” de uma entrevista com Kamala Harris no “60 Minutes”. O ex-presidente pede US$ 20 bilhões em indenizações, enquanto a Paramount tenta anular a ação, classificando-a como um ataque à Primeira Emenda. Nesse cenário, a saída do produtor executivo do “60 Minutes”, Bill Owens, nesta terça-feira, acrescenta mais um capítulo à turbulência. O prazo para conclusão do acordo com a Skydance foi estendido por 90 dias a partir de 7 de abril.
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Este artigo foi inspirado no original disponível em variety.com
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