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Ludwig Göransson Alimenta Trilha Sonora “Pecadores” Com Dobro Cyclops

Ludwig Göransson Alimenta Trilha Sonora "Pecadores" Com Dobro Cyclops

“Sinners”, de Ryan Coogler, vai muito além de um confronto sangrento entre vampiros. O thriller sobrenatural tem sua essência na música, especialmente no blues. No filme, já em cartaz nos cinemas, Michael B. Jordan interpreta Smoke e Stack, irmãos gêmeos que retornam à sua cidade natal no Delta do Mississippi dos anos 1930 em busca de um recomeço. Miles Caton vive Sammie, seu primo mais novo, filho de um pastor e trabalhador rural com uma ligação profunda com a música. Sonhando em se tornar um músico de blues, os gêmeos o convidam para se apresentar em seu novo bar. Lá, seu talento musical sobrenatural desencadeia uma série de eventos inexplicáveis.

Para criar a trilha sonora de “Sinners”, que se tornou um personagem por si só no filme, Coogler contou com seu colaborador de longa data, o compositor Ludwig Göransson. Além de atuar como produtor executivo, Göransson começou a enviar músicas para o diretor ainda no início do desenvolvimento do projeto. Inicialmente, ele achou que visitaria o set em Nova Orleans apenas uma vez por semana, mas logo percebeu o peso da música na narrativa. “Tínhamos 29 momentos musicais para encaixar, mas não queríamos que parecesse um musical”, explica Serena Göransson, esposa de Ludwig e supervisora musical do filme. “Queríamos que soasse orgânico, como parte do cotidiano.”

Além de integrar a música de forma natural, alguns atores precisaram aprender a tocar instrumentos do zero, exigindo horas de estúdio antes das filmagens. Por isso, Ludwig e Serena se mudaram temporariamente para Nova Orleans, acompanhando o set diariamente. A pesquisa musical foi intensa: Göransson mergulhou na história do blues, viajou a Memphis com seu pai (um guitarrista do gênero) e reuniu artistas de peso como Brittany Howard, Rod Wave e Raphael Saadiq para capturar a autenticidade do som. A trilha, gravada em um raro violão Dobro Cyclops de 1932 (o mesmo usado por Sammie no filme), é considerada por Göransson sua obra mais pessoal até hoje.

Música como personagem

A equipe buscou equilíbrio entre homenagear a tradição do blues e criar algo original. “Precisávamos de compositores que fossem também instrumentistas excepcionais”, diz Ludwig. Um exemplo é a cena em que Pearline (Jayme Lawson) canta “Pale, Pale Moon” no bar: a música se intensifica junto com a trama, culminando na entrada dramática de Smoke (Jordan) no terceiro ato. Lawson ensaiou diariamente para entregar uma performance arrebatadora.

Desafios e magia nos bastidores

Miles Caton, que interpreta Sammie, praticou guitarra por três meses para executar solos complexos. Já Delroy Lindo (Delta Slim) teve uma cena memorável ao lado do lendário músico de blues Bobby Rush, 94 anos, que voou de Seattle para gravar no dia seguinte. “Eles criaram uma conexão instantânea”, relembra Serena. Outro destaque foi Jack O’Connell (Remmick), que insistiu em cantar “Rocky Road to Dublin” com perfeição, mesmo sob a pressão de gravar em tempo recorde.

O legado do blues

Para os Göransson, a missão era clara: “Queremos que as novas gerações se inspirem e reconheçam o blues como a maior contribuição cultural dos EUA ao mundo”, afirma Serena. Ludwig completa: “Se um jovem sair do cinema querendo aprender guitarra, já valeu.” O filme, repleto de histórias e músicas que ecoam a resistência de um povo, é um tributo à vitalidade de um gênero que ainda pulsa.

Este artigo foi inspirado no original disponível em variety.com
MÚSICA INSTIGANTE?
SIM

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