ALERTA DE SPOILER: Este texto contém revelações sobre o final da série “The Righteous Gemstones”, disponível no Max. O desfecho da série foi tão peculiar quanto só ela poderia ser: com um macaco se masturbando. Apesar de grande parte do episódio final, “That Man of God May Be Complete”, se passar na mansão de férias da família de tele-evangelistas, a última cena filmada foi, na verdade, do episódio anterior. Após o culto de domingo, os Gemstones e sua comitiva vão para o Jason’s Steakhouse, seu restaurante favorito, onde o macaco Dr. Watson — animal de serviço de BJ Barnes (Tim Baltz), um parente da família que ficou paralisado em um acidente bizarro — rouba a cena ao fumar cigarros de mentol e se satisfazer, sob os aplausos da plateia. Uma mistura tipicamente “Gemstones” de humor vulgar e um toque de doçura.
Danny McBride, criador, ator e produtor executivo da série, revela que as cenas de almoço na igreja eram suas favoritas de filmar. “Sempre reunia todo o elenco, e era um dia divertido”, diz. No entanto, durante as gravações do último episódio, McBride estava mais focado em concluir a produção do que em celebrar. O processo foi desgastante, marcado por desafios como o furacão Helene, que afetou as filmagens na Carolina do Sul, e até um acidente de carro envolvendo a mãe de Baltz, que quase o impediu de finalizar a cena. Foi só quando Gregory Alan Williams, que interpreta Martin, o conselheiro da família, o puxou de lado para agradecer que McBride percebeu a dimensão do momento. “Quase chorei”, admite.
O episódio final não decepcionou em dramaticidade. Depois de perder o pai, Corey Milsap (Seann William Scott) invade a mansão dos Gemstones e fere os três irmãos — Jesse (McBride), Judy (Edi Patterson) e Kelvin (Adam Devine) — a tiros. A cena é tensa, deixando o público em dúvida sobre o destino dos personagens, até que Dr. Watson salva o dia ao pegar a arma de Jesse. McBride revela que queria brincar com a expectativa do público: “Todo mundo espera que alguém morra no final, então decidimos levar isso a sério”.
Mas o clímax também tinha um propósito temático. “Queria testar se os Gemstones conseguiriam cumprir sua missão sem recursos extravagantes”, explica McBride. A cena em que os irmãos rezam por Corey enquanto ele morre simboliza justamente isso — um retorno às origens, sem truques ou espetáculo. O momento ecoa o episódio de abertura da temporada, que explora as raízes da família através de Elijah (Bradley Cooper), um ladrão que se torna um pregador durante a Guerra Civil. “Eles têm uma forma peculiar de alcançar a redenção”, comenta John Carcieri, roteirista da série. “No fundo, ainda acreditam em Deus.”
A mansão onde as cenas finais foram gravadas, localizada no Lago Murray, na Carolina do Sul, foi um achado milagroso. Com 18 mil metros quadrados, a propriedade ainda tinha um altar do século XVI adaptado em lareira — perfeito para a morte de Corey. O local também representou um trauma familiar: os Gemstones não voltavam lá desde a morte da matriarca, Aimee-Leigh.
O final feliz, com o casamento de Kelvin e Keefe e a reconciliação de Eli com Lori (Meghan Mullally), reforça o tom da série: por mais problemáticos que sejam, os Gemstones sempre saem por cima. “Eles ganham, não importa o que aconteça”, ri Patterson. McBride até pensou em um desfecho mais sombrio, mas preferiu manter a diversão. “Quero que as pessoas reassistam e se divirtam.”
Com o fim da série, McBride e sua equipe da Rough House Pictures já planejam novos projetos, como a adaptação do livro “The Southern Book Club’s Guide to Slaying Vampires”. Mas, por enquanto, ele só quer “fazer um sanduíche”. Afinal, depois de oito anos dedicados a “The Righteous Gemstones”, é hora de virar a página. “Tem outras histórias que quero contar”, diz. E, com essa equipe talentosa, certamente surgirá algo incrível.
—
Este artigo foi inspirado no original disponível em variety.com
FIM?
SIM