Salas de aula de ciências ao redor do mundo vêm perpetuando um mito por décadas, talvez até séculos. Ovos não são mais resistentes quando caem em suas extremidades. É o que afirmam pesquisadores do MIT, que defendem que os ovos são muito mais fortes quando caem de lado.
Segundo eles, “ovos posicionados lateralmente agem como amortecedores, trocando rigidez por uma absorção de energia superior”. Além de derrubar uma crença específica sobre ovos, o MIT ressalta que a descoberta traz uma lição mais ampla: “Até mesmo a ciência ‘estabelecida’ pode surpreender quando abordada com rigor e mente aberta”.
Para o cozinheiro comum, isso soa completamente contra-intuitivo. Afinal, não é mais fácil quebrar um ovo batendo nele de lado? Em vez de aceitar essa suposição, a equipe do MIT realizou dois tipos de experimentos. Primeiro, aplicaram compressão estática, aumentando gradualmente a força para medir rigidez e resistência. Depois, fizeram os clássicos testes de queda dinâmica, que avaliam a probabilidade de quebra no impacto.
Os resultados mostraram que a mesma força de compressão é necessária para quebrar um ovo, independentemente da orientação. “No entanto, notamos uma diferença crucial na deformação do ovo antes da ruptura”, explica Joseph Bonavia, doutorando e coautor do estudo, publicado ontem na Communications Physics. “O ovo na horizontal se deformou mais sob a mesma força, indicando maior flexibilidade.”
Isso sugere que, em situações onde a absorção de energia é importante — como uma queda —, os ovos são mais resistentes quando caem de lado. Para comprovar, os pesquisadores criaram um teste de queda high-tech, usando solenoides e suportes impressos em 3D para garantir liberação simultânea e orientação precisa.
“Isso confirmou o que vimos nos testes estáticos”, diz Avishai Jeselsohn, estudante de graduação e coautor. “Apesar de ambas as orientações sofrerem forças similares, os ovos na horizontal absorveram melhor a energia e resistiram mais à quebra.”
Então, isso significa que devemos bater os ovos pelas pontas ao cozinhar? Na verdade, não. “Quebrar um ovo para cozinhar envolve aplicar força localizada para uma abertura limpa, enquanto a resistência à queda depende da distribuição e absorção de energia pela casca”, esclarece Brendan Unikewicz, outro doutorando do MIT e coautor.
Assim, a equipe do MIT desbancou um equívoco científico antigo, mas também mostrou que ele não tem impacto algum — sem trocadilhos — na aplicação prática mais óbvia. Quanto a mim, fico feliz por não precisar repensar minha técnica para o clássico pão sourdough com abacate e dois ovos fritos. O mundo já está louco o suficiente sem que um básico do dia a dia seja revirado.
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Este artigo foi inspirado no original disponível em pcgamer.com.