Se você ainda precisava de provas de que vivemos no pior dos mundos possíveis, eis uma tristeza: a Beamdog, em certa ocasião, colocou David Gaider, criador de Dragon Age, para trabalhar em um ambicioso sequel de Planescape: Torment — um dos grandes inspiradores de Disco Elysium, uma das melhores narrativas já vistas nos videogames e que hoje ocupa o 29º lugar no Top 100 da PC Gamer. Mas, adivinhe? O projeto morreu lentamente, sem alarde, simplesmente porque nenhuma editora quis bancá-lo.
A revelação vem do próprio Gaider, que está desabafando no Bluesky sobre sua trajetória na indústria — desde sua entrada na BioWare, em 1999, até a fundação de seu próprio estúdio, a Summerfall, em 2017. No meio desse caminho, ele foi recrutado por Trent Oster, fundador da Beamdog (aquela mesma por trás das edições remasterizadas de Baldur’s Gate e Planescape: Torment), para assumir como diretor criativo.
“[Oster] me disse que a Beamdog estava começando seus próprios projetos”, contou Gaider. “Eles estavam finalizando Siege of Dragonspear, uma expansão para BG1, mas o que realmente me chamou a atenção foi outra coisa: um sequel de Planescape: Torment, que teria Chris Avellone (designer-chefe do original) como consultor. Aquilo sim era interessante.”
O primeiro Torment se passava (surpresa!) no universo de Planescape, um cenário de Dungeons & Dragons que abandonava o clichê tolkeniano de BG1 e 2 para mergulhar em viagens dimensionais e uma loucura sem regras. Gaider, seduzido pela chance de “quebrar todas as normas dos CRPGs”, topou o desafio.
Ele e sua equipe desenvolveram um projeto chamado Planescape: Unraveled, onde o jogador controlava um dos três aspectos de Ravel Puzzlewell em uma corrida contra o tempo para desvendar o mistério de sua própria existência. E, convenhamos: isso soa incrivelmente foda.
—
Este artigo foi inspirado no original disponível em pcgamer.com.