Frank Sinatra não foi apenas um grande cantor. Ele era meticuloso com os arranjos das músicas que escolhia interpretar, colaborando com alguns dos maiores arranjadores do século XX, como Nelson Riddle, Billy May, Quincy Jones, Johnny Mandel, Robert Farnon e Neal Hefti. Agora, o ator, produtor e cantor Seth MacFarlane, que herdou o acervo musical de Sinatra, descobriu algo surpreendente: dezenas de arranjos que o “Chairman of the Board” planejou gravar, mas nunca chegou a executar. O resultado é o novo álbum de MacFarlane, intitulado Lush Life: The Lost Sinatra Arrangements, lançado em 6 de junho pela Verve/Republic, com 12 dessas partituras inéditas.
Gravado no Skywalker Sound, ao norte de São Francisco, o disco conta com uma orquestra de 70 músicos regida pelo maestro britânico John Wilson. MacFarlane revela à Variety: “O que esses arranjadores fizeram, e o que Sinatra trouxe de único, foi um entendimento profundo da importância de um arranjo. Com exceção talvez de Nat King Cole, nenhum outro cantor da época valorizou tanto essa arte.” Ele complementa: “Sinatra amava os arranjos — sabia como eles elevavam sua voz. Se você ouvir apenas as partituras, sem o vocal, percebe uma maestria inigualável na música popular. São obras de arte por si só.”
Nove das faixas têm arranjos de Nelson Riddle, duas são de Billy May e uma de Don Costa. Riddle, considerado um dos maiores arranjadores da história, trabalhou com Sinatra em álbuns clássicos como In the Wee Small Hours e Only the Lonely. May, responsável por Come Fly With Me, e Costa, que arranjou Sinatra and Strings e My Way, também deixaram suas marcas no legado do cantor.
Entre as pérolas redescobertas estão How Did She Look? (destinada ao álbum Only the Lonely) e Flying Down to Rio (que quase entrou em Come Fly With Me). MacFarlane também interpreta clássicos como Give Me the Simple Life (Riddle), On a Wonderful Day Like Today (May) e uma versão renovada de Arrivederci, Roma (Costa), com letras inéditas. Destaque ainda para Lush Life, com um arranjo sofisticado de Riddle, e Shadows, rejeitada do álbum Moonlight Sinatra (1966).
O acervo de Sinatra, que remonta aos anos 1950, guarda 1.875 arranjos manuscritos. Após a morte do cantor em 1998, Frank Sinatra Jr. assumiu a custódia do material. MacFarlane, criador de Family Guy, explica: “Frank Jr. participou do seriado e se tornou nosso amigo. Quando ele faleceu, Tina Sinatra, sua irmã, assumiu o acervo e nos permitiu explorar esses tesouros — cerca de 1.200 caixas de partituras.” Em nota, Tina afirmou: “Seth tem um conhecimento profundo da música do meu pai. Graças a ele, esses arranjos perdidos finalmente ganham vida.”
O produtor Joel McNeely, que revisou cerca de 100 arranjos nunca gravados, descreve a experiência como emocionante: “Era como desenterrar ouro. Ver as anotações originais de Riddle, May e Costa foi mágico. Estávamos todos maravilhados.” Para McNeely, resgatar essas obras foi um tributo único aos gênios que as criaram.
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Este artigo foi inspirado no original disponível em variety.com
SINATRA? MACFARLANE SURPREENDE?
SIM