C4: Sucessor Espiritual de Disco Elysium Promete Revolucionar com Novo Sistema de Gameplay e História Alternativa

Na edição deste ano da Game Developers Conference, tive a oportunidade de conferir uma prévia do gameplay de C4, o próximo RPG da Studio ZA/UM, sucessor espiritual de Disco Elysium. Conversei com dois dos desenvolvedores do projeto: o escritor Siim “Kosmos” Sinamäe e o artista/produtor Ruudu Ulas.

Deixando de lado as controvérsias, disputas trabalhistas e questões sobre a autoria de Disco Elysium, C4 parece promissor — um RPG que pode ser bom, ou até excelente — e guarda muitas semelhanças com seu predecessor. Após seis anos e uma explosão de RPGs indie, o jogo precisará entregar either em escala ou na qualidade do texto — algo difícil de avaliar em uma demonstração curta — para justificar a longa espera.

Gameplay de C4

Visualmente, lembra Disco Elysium: personagens 3D em cenários isométricos pré-renderizados, com aquele estilo pictórico característico. A jogabilidade básica mantém a essência: texto no canto inferior direito, rolagem semelhante a um feed social, testes de habilidades com dados (2d6) para superar obstáculos enquanto explora.

As habilidades ainda “falam” com você, mas foram renovadas, com algumas sobreposições temáticas. Por exemplo, não há mais “Instrumento Físico”, mas existe uma habilidade de força bruta. Outra parece ecoar “Espírito de Corpo”, representando agora o orgulho e lealdade ao seu empregador.

Um novo sistema de “esforço” lembra a vantagem em Dungeons & Dragons: adicione um dado extra à sua rolagem, mas com penalidades futuras até descansar. O Gabinete de Pensamentos também foi reformulado: em vez de esperar internalizar uma ideia, você escolhe entre abraçá-la ou suprimi-la, obtendo bônus exclusivos.

Os desenvolvedores mencionaram um sistema de “dissonância”, que penaliza escolhas contraditórias às ideias internalizadas — como voltar a fumar após decidir parar, algo que não tinha consequências em Disco Elysium.

História e Estética

C4 se passa em um novo cenário, mas mantém a vibe de história alternativa do século XX, tão característica de Disco. A ambientação lembra tanto Martinaise que cheguei a questionar se era realmente um universo diferente.

Você controla um espião experiente (ou decadente), convocado de volta à ativa após um tempo indeterminado para uma missão crucial. Diferente do amnésico Harry DuBois, o protagonista tem gênero, aparência e passado definidos — lembrando um pouco Klaasje, de Disco.

O jogo terá narração e dublagem completas, no estilo de The Final Cut. A voz do novo narrador é bem distinta da de Lenval Brown, mas mantém aquele tom seco, quase desinteressado — mas que, no fundo, transparece cuidado.

Anton Vill, responsável pelo Gabinete de Pensamentos em Disco, retorna para a direção de arte, incluindo designs surreais que representam a imaginação da protagonista. O diário de missões agora tem ilustrações únicas que evoluem conforme o progresso.

Um detalhe que adorei: a tela de equipamentos mostra um “paper doll” em estilo concept art, exibindo toda a roupa e equipamentos, ao invés do zoom no modelo 3D do personagem, como em Disco.

Primeiras Impressões

C4 tem potencial. As mudanças mecânicas na fórmula de Disco são especialmente interessantes — o dado de esforço, por exemplo, incentiva estratégias arriscadas, reduzindo a necessidade de “save scumming”.

Entre os projetos dos ex-integrantes da ZA/UM, C4 parece ser o mais próximo do lançamento. Hopetown e XXXNightshift, financiados no Kickstarter, ainda estão em pré-produção. Já Red Info, de Robert Kurvitz (criador do universo de Elysium), permanece um mistério. Argo Tuulik, escritor de Disco, está impedido de trabalhar devido a uma ação judicial movida pelo fundador do estúdio por trás de Hopetown.


Este artigo foi inspirado no original disponível em pcgamer.com.

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