Janet Yang Destaca Ponte entre Hollywood e China no Festival de Cinema de Pequim

Durante o Beijing International Film Festival, Janet Yang, presidente da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, destacou em seu discurso a relevância da troca cultural entre os dois maiores mercados de cinema do mundo. Com uma trajetória única como produtora sino-americana que atuou em ambos os lados do globo, Yang compartilhou sua visão sobre o poder do cinema em unir culturas. “Minhas experiências pessoais e profissionais me mostram que o filme tem uma capacidade singular de conectar pessoas. Por isso, mantenho um otimismo constante sobre a troca cultural não apenas entre China e EUA, mas entre todas as nações”, afirmou aos presentes no fórum “Qual é o Teto do Mercado Cinematográfico Chinês?”.

Com seu mandato na Academia prestes a terminar em alguns meses, Yang relembrou sua carreira pioneira, que incluiu a introdução do cinema chinês no Ocidente e a facilitação de grandes produções hollywoodianas na China, como “Império do Sol”, de Steven Spielberg, e “O Último Imperador”, de Bernardo Bertolucci. Ela também chamou atenção para a sub-representação de talentos da Grande China entre os quase 11 mil membros da Academia, mesmo com o crescente reconhecimento do cinema global — exemplificado pelo sucesso de “Parasita”, primeiro filme não falado em inglês a vencer o Oscar de Melhor Filme, em 2020.

Yang destacou marcos importantes da indústria cinematográfica chinesa, como “Perdido em Bangkok” (2012), de Xu Zheng, que arrecadou mais de US$ 200 milhões com um orçamento modesto e ajudou a impulsionar a bilheteria local além de US$ 1 bilhão pela primeira vez. Ela também celebrou o recente sucesso de narrativas da diáspora asiática, citando “Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo” (sete Oscars, incluindo Melhor Filme), “Vidas Passadas” e “Minari” (ambos indicados ao prêmio máximo). Além disso, mencionou o filme chinês “Black Dog”, de Guan Hu, vencedor do prêmio Un Certain Regard em Cannes no ano passado.

“Esses filmes provam que o público não precisa entender completamente uma cultura para se emocionar com ela. Autenticidade e especificidade criam conexão”, observou Yang. “Para os cineastas chineses, esta é uma oportunidade incrível de se globalizar, colaborar internacionalmente e levar suas histórias ao mercado mundial, potencialmente trabalhando com talentos da diáspora para ampliar a representação chinesa e seu impacto global.”

Em sua fala, Yang não mencionou a decisão da China de reduzir a importação de filmes americanos em resposta às tarifas impostas durante o governo Trump. Em vez disso, focou na evolução do cinema global, destacando que “a inovação e a colaboração internacional são estratégias indispensáveis no mercado atual”, especialmente para cineastas chineses, que podem ampliar suas narrativas e oportunidades financeiras ao trabalhar com artistas estrangeiros interessados em sua cultura. “No fundo, a colaboração global é tanto um caminho para a inovação cultural quanto uma vantagem econômica estratégica que beneficia a todos.”

Olhando para o futuro, Yang abordou desafios como a queda nas bilheterias pós-pandemia e o impacto da IA no cinema, mas expressou otimismo com o crescente soft power chinês, impulsionado por sucessos como “Black Myth: Wukong” e a adaptação de “O Problema dos Três Corpos”. O aguardado blockbuster “Ne Zha 2”, um dos destaques do festival, foi citado como “um marco cultural emocionante que sinaliza algo maior: a voz da China está se elevando e ocupando seu lugar merecido no palco mundial.” Yang finalizou com uma previsão entusiasmada: “Um filme em língua chinesa pode em breve vencer o Oscar de Melhor Filme. E eu, com certeza, estarei torcendo.”


Este artigo foi inspirado no original disponível em variety.com

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