Ninguém melhor para falar sobre o mundo do entretenimento do que Ben Silverman. O chairman e co-CEO da Propagate Content concedeu uma entrevista ao podcast “Strictly Business”, da Variety, enquanto a empresa celebra seus 10 anos no mercado. Apesar do momento de retração na produção de TV e cinema — e da dificuldade em gerar lucros tão expressivos quanto no passado —, não há traço de desânimo na voz de Silverman. “Sempre acreditei que os sucessos atraem dinheiro e que o sucesso abre portas”, afirma.
A conversa mergulha nos modelos de negócios que funcionam para a Propagate e nas possibilidades (ou limitações) que os produtores têm para monetizar seus projetos. Silverman cita dois exemplos: a comédia “Stick”, estrelada por Owen Wilson, e a animação infantil “Lulu Is a Rhinoceros”, ambas para a Apple TV+. Ele explica como cada série segue caminhos distintos para gerar receita. “‘Stick’ se passa no universo do golfe, um esporte com milhões de fãs e inúmeras oportunidades de merchandising”, diz. “Já ‘Lulu’ é baseada em um livro e tem trilha sonora original. Como extrair valor desses elementos? Cada conteúdo tem seu próprio modelo de retorno financeiro.”
Silverman reconhece que o mercado atual não oferece os ganhos exorbitantes das décadas de 1990 e 2000. “Para alcançar escala hoje, você precisa de volume, de diversificar suas apostas e analisar cada contrato com estratégia”, reflete. Sua trajetória comprova essa visão: ex-agente da William Morris, ele foi um dos responsáveis pelo boom da TV reality nos anos 2000, além de pioneiro em parcerias com marcas e coproduções internacionais. Entre 2007 e 2009, comandou a programação da NBC. Hoje, a Propagate atua em múltiplas frentes — desde produção até gestão de talentos (como Artists First e Select) e parcerias com criadores de mídia social.
“Minha tese desde o primeiro dia foi: conteúdo gera cultura, cultura gera comércio”, afirma Silverman. “Seja um influenciador digital ou uma série de TV, o que move a cultura move o dinheiro — e a internet potencializa isso.” Ele também relembra sua passagem pela NBCUniversal (“Me dava dor de estômago”) e o arrependimento pela venda apressada de sua primeira produtora, a Reveille, em 2007. “Meus filhos nem imaginam o quanto me arrependo daquela decisão”, confessa.
“Strictly Business” é o podcast semanal da Variety que entrevista líderes da indústria sobre negócios em mídia e entretenimento. Novos episódios saem às quartas no Apple Podcasts, Amazon Music, Spotify e outras plataformas.
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Este artigo foi inspirado no original disponível em variety.com