A estreia de Kristen Stewart na direção, “The Chronology of Water”, teve sua premiere no Festival de Cannes nesta sexta-feira, arrancando uma ovação de quatro minutos e deixando a plateia emocionada. A atuação poderosa de Imogen Poots foi um dos destaques da adaptação do livro homônimo de Lidia Yuknavitch, mas o estilo de direção de Stewart também chamou atenção: cru, artístico e sem concessões. O projeto, que levou anos para ser realizado, estreou mundialmente na seção Un Certain Regard do festival, que neste ano também exibiu estreias de outros atores, como Scarlett Johansson (“Eleanor the Great”) e Harris Dickinson (“Urchin”).
Baseado no best-seller de Yuknavitch, publicado em 2011, o filme apresenta uma narrativa não linear da vida da escritora, explorando desde suas primeiras memórias de infância no noroeste dos EUA até seus relacionamentos conturbados e altos e baixos profissionais. Além de dirigir, Stewart coescreveu o roteiro com Andy Mingo. O filme sempre foi um projeto pessoal para a atriz, que chegou a anunciar seu desenvolvimento em 2018. Em entrevista à Variety em janeiro de 2024, ela admitiu as dificuldades para conseguir financiamento e revelou que se recusou a atuar em outros projetos até concluir “The Chronology of Water”. As filmagens finalmente aconteceram no verão de 2024, durando seis semanas na Letônia e em Malta.
O elenco ainda inclui Thora Birch, Earl Cave, Michael Epp, Susannah Flood, Kim Gordon e Jim Belushi. Em conversa com a Variety, Stewart foi sincera sobre os desafios de viabilizar o filme, afirmando que foi “quase impossível” captar recursos para uma história original, sem vínculo com gêneros comerciais ou franquias estabelecidas. “Acredito que existe uma linguagem feminina ainda não explorada”, disse ela. “Há uma fisicalidade no tipo de filme que quero fazer que pode não atrair investidores no papel, mas que, na prática, é profundamente comovente. Não se trata do enredo, mas de alguém se redescobrindo e entendendo por que silenciou a própria voz a vida toda.”
Em abril, Stewart comentou os rumores de que o filme estrearia em Cannes, revelando que corria contra o tempo para finalizar a pós-produção. “É como um parto. Todo diretor que admiro já passou por isso, tentando bater o prazo do festival. Não sabia se conseguiria, mas o filme está tomando forma de um jeito que parece inevitável. É um alívio enorme, depois de tanto tempo.” Agora, “The Chronology of Water” busca distribuição após sua exibição em Cannes.
—
Este artigo foi inspirado no original disponível em variety.com