Uma coisa que sempre me impressiona na tecnologia dos videogames é a capacidade de simular ações que não estamos realmente realizando. É incrível como nos acostumamos rapidamente a apertar botões para controlar nossos avatares virtuais. No entanto, o feedback dessas interações ainda é um dos pontos mais fracos quando se trata de imersão em mundos digitais. Recursos como vibração e até mesmo tecnologias olfativas tentam melhorar essa experiência, mas ainda estão longe de reproduzir a sensação do tato.
O VR é uma das áreas que mais avançam no desenvolvimento de feedbacks hápticos, em parte porque essa tecnologia é frequentemente aplicada fora dos jogos. Pequenas inovações, criadas para tarefas específicas, muitas vezes acabam migrando para o universo gamer. Um exemplo disso é o Shiftly, um dispositivo baseado em origami que usa dobras complexas para imitar diferentes formas e superfícies no VR.
O IEEE Spectrum descobriu o Shiftly após um estudo publicado por um veículo irmão, no qual participantes vendados testaram o aparelho e relataram suas impressões. O dispositivo foi então avaliado em ambientes de VR e, posteriormente, em uma conferência em Los Angeles. Em todos os testes, os usuários tocavam o Shiftly e tentavam associá-lo a imagens que correspondessem ao que estavam sentindo. Os resultados indicam que a máquina de origami consegue replicar superfícies simples com eficiência.
Além disso, sua estrutura permite transições rápidas: mudanças básicas levam apenas 0,25 segundos, enquanto as mais complexas demoram cerca de 4 segundos. Curvas e ondas são representadas com maior precisão, enquanto formatos pontiagudos, como diamantes, foram os mais difíceis de identificar. Claro, o Shiftly ainda não consegue simular objetos mais elaborados, como alças de canecas, mas seus recursos atuais já são promissores.
“Isso sugere que o Shiftly pode oferecer feedback háptico plausível para uma variedade de geometrias de superfície”, afirma Tobias Batik, pesquisador do Complexity Science Hub. Batik começou a desenvolver o dispositivo durante seu mestrado no grupo de Realidade Virtual & Aumentada da TU Wien, na Áustria.
Por ser uma tecnologia recente, suas aplicações em jogos ainda são limitadas, mas minha mente já fervilha com as possibilidades. Mesmo em sua versão atual, consigo imaginar como ele poderia enriquecer minha experiência no VR. Pense em um jogo como No Man’s Sky, onde os minerais das rochas nos planetas exploráveis teriam texturas distintas ao toque. Ou sentir o cabo de uma arma em Gorn mudando levemente conforme você troca de equipamento. Talvez um jogo de skate digital com rampas táteis ou um desafiador desarme de bombas, como Keep Talking and Nobody Explodes, mas com uma caixa que se transforma fisicamente.
Por enquanto, esses sonhos ainda são apenas sonhos, mas tenho esperança de que avanços como esse cheguem em breve aos jogos. Até lá, vou continuar me divertindo com minhas corridas malucas na esteira de VR, mesmo sem ter nada interessante para tocar.
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Este artigo foi inspirado no original disponível em pcgamer.com.