Dylan e Nelson Celebram 84 Anos com Festival Outlaw Imperdível

Bob Dylan completa 84 anos hoje, e vai celebrar a data da mesma forma que faz em quase todas as outras noites do ano: no palco. No show em Ridgefield, Washington, parte do Outlaw Music Festival 2025, não deve haver nenhuma homenagem especial. Afinal, é só mais uma noite na turnê que ele divide com Willie Nelson, acompanhados por nomes como Billy Strings e Sierra Hull — jovens talentos do cenário americana. Para Dylan, aniversário é dia como qualquer outro. Ele provavelmente tocaria até no Natal, se achasse que o público compareceria.

Willie Nelson pode ser quem canta “I just can’t wait to get on the road again”, mas é Dylan quem vive essa frase como um mantra. Os dois gigantes, um com 84 e outro com 92 anos, compartilham a mesma filosofia: a estrada é seu oxigênio. Enquanto outros artistas da mesma idade podem continuar girando por dinheiro ou ego, Dylan e Nelson estão lá porque amam o que fazem — e porque ainda são incrivelmente bons. A experiência só os aprimorou, transformando cada show em uma aula de vitalidade artística.

Na semana passada, eles comandaram o Hollywood Bowl, e se você pensou em pular porque já os viu no ano passado, perdeu algo especial. A verdadeira razão para não faltar? Essas performances são excepcionais por si só, independentemente de ser “a última chance”. Dylan e Nelson entregam energia, irreverência e maestria que artistas décadas mais novos ainda almejam. E, convenhamos: metade de um Monte Rushmore musical está vindo até você — quem precisa de estátuas quando se tem a lenda viva?

Willie Nelson é o rei do equilíbrio entre nostalgia e frescor. Seu setlist traz clássicos como “Angel Flying Too Close to the Ground”, mas também pérolas menos óbvias, como “Still Is Still Moving to Me” (1993), onde ele desfila seu violão com solos velozes — impressionantes para um homem de 92 anos. A presença de seus “filhos” musicais, como Waylon Payne e Micah Nelson, acrescenta um toque de variedade sem roubar o protagonismo. E quando Willie canta sobre morte — em “Roll Me Up and Smoke Me When I Die” ou “Still Not Dead” —, ele o faz com um sorriso, como se a eternidade fosse uma piada cósmica.

Já Dylan é o mestre do mistério. No Hollywood Bowl, ele quase não apareceu nos telões, mantendo sua aura enigmática. Mas, surpreendentemente, seu show em 2025 tem sido mais acessível — sem abrir mão de covers obscuros (como “I’ll Make It All Up to You”, de Charlie Rich) ou rearranjos ousados. Sua voz está clara, suas versões de “All Along the Watchtower” e “Desolation Row” ganham novas cores, e até suas raras interações com o público renderam risadas (quando perguntou o que o público estava comendo). No piano, ele é brutalmente poético, e a banda segue seu improviso com sintonia quase jazzística.

O que une esses dois ícones? A paixão pela estrada e pela reinvenção. Nelson faz a plateia rir da mortalidade; Dylan a desafia a decifrar seus enigmas. E ambos provam que arte não tem data de validade. Restam poucas datas da turnê — de Washington a Nova York —, mas cada uma é uma chance de testemunhar história viva. Afinal, como diriam os presidentes do Monte Rushmore: esqueça o mármore. A grandeza está no palco.


Este artigo foi inspirado no original disponível em variety.com

Deixe um comentário