Aparentemente, como muitos de vocês, já senti cansaço com Lego. Não importa o quanto eu aprecie as franquias como Vingadores, Senhor dos Anéis ou Indiana Jones, a quantidade de jogos Lego disponíveis é imensa, cada um com uma gama extensa de atividades. Tornou-se inviável acompanhar tudo isso e manter meu entusiasmo.

No entanto, parece que os jogos da franquia Lego agora estão em um novo patamar, com Lego Star Wars: A Saga Skywalker oferecendo uma perspectiva revitalizada de toda a série, mantendo a essência do loop de coleta característico dos jogos Lego. Lego Batman: Legado do Cavaleiro das Trevas promete ser uma transformação ainda maior, ancorando-se no amor por Batman em suas diversas representações na mídia.

Inicialmente, Lego Batman: Legado do Cavaleiro das Trevas pode dar a impressão de ser uma coletânea de diferentes filmes do Batman adaptados ao estilo Lego, semelhante ao que vimos em Lego Star Wars: A Saga Skywalker, mas isso não capturaria totalmente sua essência. Seria mais apropriado defini-lo como uma fusão de histórias e filmes do Batman, reunindo influências variadas para criar algo novo e inédito. Isso, portanto, se alinha perfeitamente à filosofia Lego.

Um exemplo disso é a missão que joguei durante a Gamescom, que se passava na fábrica Axis Chemicals, facilmente reconhecida pelos fãs do filme de 1989 com Michael Keaton como o local de origem do Coringa. Contudo, em vez de Jack Napier, o sociopata gangster, que é enviado para eliminar provas naquele local (numa armadilha orquestrada em razão de seu envolvimento amoroso com a amante do chefe), encontramos o Capuz Vermelho #1, líder da Gangue do Capuz Vermelho, uma história que muitos conhecem das histórias em quadrinhos sobre a origem do Coringa. O Capuz Vermelho está realizando experimentos na fábrica para criar uma nova substância que provoca risadas incontroláveis até a morte. Por baixo da máscara, há uma nítida (e bastante convincente) interpretação do Coringa de Jack Nicholson, tornando claro que este personagem é uma adaptação do Coringa de Batman ’89, ainda que mesclado com outras narrativas.

Da mesma forma, o Batman que o confronta nessa demonstração representa a versão interpretada por Robert Pattinson, acompanhado de um Jim Gordon que lembra bastante um Lego em estilo Jeffrey Wright, ambos inspirados no filme de 2022, The Batman.

Essa combinação de momentos memoráveis da história do Batman é central para a essência de Legado do Cavaleiro das Trevas, que ambiciona entrelaçar elementos de todos os filmes do Batman e outras mídias em uma única narrativa coesa. Quando questionado sobre o que isso implicaria para personagens recorrentes, como o Coringa, interpretados por diferentes atores ao longo do tempo, um representante da TT Games comentou que talvez coisas terríveis possam acontecer ao Coringa, o tornando ainda mais sinistro e, presumivelmente, mais próximo da versão de Heath Ledger em O Cavaleiro das Trevas.

Essa mesma leveza é traduzida nos Easter eggs, uma característica marcante dos jogos Lego que aqui parecem ainda mais focados. Em vez de buscar colecionáveis diversos para desbloquear uma infinidade de personagens com mecânicas idênticas, você libera visuais bem específicos para Batman e Comissário Gordon. Esses incluem aparências icônicas, como as dos filmes, e outras menos esperadas. O visual do Batman no traje inspirado no desenho animado de 2008, Brave and the Bold, está sensacional.

Ambos, Batman e Gordon, têm trajes baseados em suas primeiras aparições nas histórias em quadrinhos, incluindo as orelhas grandes e estranhas do Batman e o terno branco com o bigode fino de Gordon. O mais surpreendente foi o Traje Arco-Íris do Batman, uma versão Lego detalhada de uma clássica e excêntrica edição dos quadrinhos da Era de Prata que adquiriu status icônico por seu tom campy.

Mas, além de se inspirar exclusivamente em grandes filmes do Batman, Legado do Cavaleiro das Trevas também recupera elementos de jogos famosos do personagem. As mecânicas de combate claramente têm raízes na série Arkham, permitindo que o Batman realize aproximações furtivas em inimigos desavisados ou entre nas brigas com um sistema de combate baseado em tempo. Essa abordagem é simplificada de algumas maneiras — as janelas de tempo são mais generosas e os indicadores visuais são mais contundentes do que nos jogos Arkham, além de haver apenas dois gadgets disponíveis durante as lutas. Porém, isso parece uma homenagem carinhosa às mecânicas que se tornaram tão centrais para a figura do Batman, na mentalidade dos fãs de Arkham. Legado do Cavaleiro das Trevas também inclui níveis de dificuldade, permitindo que jogadores mais jovens ou inexperientes batam e socem como o Batman, enquanto os fãs mais experientes enfrentam inimigos mais difíceis e, pela primeira vez, um número limitado de vidas para usar nas batalhas.

Assim como nos títulos mais recentes da série Arkham, o mundo aberto se refere a uma Gotham City que pode ser explorada livremente. É possível interromper crimes, encontrar caches do Batman, destruir colecionáveis como patinhos de borracha do Pinguim e se esgueirar pelos telhados ou planear entre eles de forma elegante. Você pode usar tirolesas para ganhar velocidade e, se acumular energia suficiente ao vencer os capangas, pode até saltar mais alto e ter uma visão panorâmica da cidade. Para quem prefere estar em nível do chão, é possível chamar um Batmóvel em qualquer lugar do mundo aberto. Durante a minha demonstração, eu só vi a versão muscle car de Robert Pattinson de The Batman, mas a TT Games já insinuou que haverá muitos outros Batmóveis, que poderão ser equipados como os trajes do Batman e de Gordon.

Após Lego Star Wars: A Saga Skywalker, eu não tinha certeza do que esperar da TT Games. Porém, Legado do Cavaleiro das Trevas foi uma agradável surpresa. Quando você termina de montar um conjunto de Lego, pode desmontá-lo e ver o que mais consegue criar com todas as peças. A TT Games parece estar fazendo exatamente isso com o mito do Batman, e estou ansioso para descobrir o que mais eles conseguirão construir a partir disso.