A Inclusão dos Coreanos em Age of Empires 2: Uma Decisão Questionável e o Conflito de Lembranças de Sandy Petersen

Os fãs de Age of Empires 2 estão acostumados a ver novas facções sendo adicionadas ao jogo. A equipe por trás da Definitive Edition, a Forgotten Empires, tem atualizado o jogo regularmente com novas civilizações jogáveis ao longo dos anos. No entanto, a história de adições inesperadas ao jogo remonta a muito antes de 2017, pelo menos de acordo com um dos designers originais da sequência.

Esse designer é Sandy Petersen, que ingressou na Ensemble Studios após deixar a id Software, onde trabalhou em Doom e Quake. Em um longo post no X (via Windows Central), Petersen explicou que foi encarregado de projetar o primeiro pacote de expansão do jogo, The Conquerors. Assim como na expansão do jogo original, Rise of Rome, ele optou por incluir quatro civilizações jogáveis: os espanhóis, os astecas, os hunos e os maias.

“O projeto avançou muito bem. Estávamos quase terminando, cinco semanas antes do prazo, em janeiro de 2000”, relembra Petersen. “Eu estava animado para começar a trabalhar em Age of Empires 3. Foi então que a Microsoft entrou em contato e tivemos uma importante conferência.”

Segundo Petersen, a Microsoft insistiu que ele adicionasse uma quinta facção à expansão: os coreanos. Petersen argumentou que a Coreia não é conhecida por sua história de conquistas. “Os coreanos, para seu crédito, não eram conquistadores. Eles mantinham-se em seu território. Embora sejam interessantes, não se encaixam no tema de ‘The Conquerors’.”

De acordo com Petersen, a Microsoft respondeu que “StarCraft vendeu 3 milhões de cópias na Coreia”. Ele então rebateu: “StarCraft não tem nenhum coreano no jogo, então essas vendas não têm nada a ver com uma civilização coreana.” A Microsoft insistiu no argumento dos 3 milhões, e Petersen acabou cedendo. “Quando alguém repete o mesmo argumento, fica claro que não estão mais usando lógica ou inteligência.”

A Ensemble, aparentemente, “improvisou” a inclusão dos coreanos na fase final do desenvolvimento, já que “a Microsoft não deu tempo extra”. Embora a facção tenha sido finalizada, Petersen afirma que o estúdio cometeu três erros: usar a “arte errada” para os navios-tartaruga, referir-se ao “Mar do Japão” em vez do “Mar do Leste”, como é conhecido na Coreia, e mencionar uma invasão japonesa à Coreia no final dos anos 1600, “que, por algum motivo, era controverso em 2000”. Ele também afirma que um representante da Microsoft na Coreia foi “preso e detido por um tempo”, o que seria um desdobramento bastante surpreendente.

Vale ressaltar que esta não é a primeira vez que Petersen compartilha histórias sobre sua carreira nos videogames, e várias de suas lembranças já foram contestadas no passado. O principal cético de Petersen é John Romero, cocriador de Doom, com quem ele trabalhou na id Software. No início deste ano, por exemplo, Petersen afirmou que “escreveu a história original de Doom”. Romero rapidamente respondeu, dizendo que isso era “incorreto” e que a história foi escrita pelo cofundador da id Software, Tom Hall, antes de Petersen ingressar na empresa.

Há vários outros exemplos de Romero contestando afirmações e lembranças de Petersen. No entanto, Romero não participou do desenvolvimento de Age of Empires 2 ou de sua expansão The Conquerors, então, por enquanto, temos apenas a perspectiva de Petersen.

De qualquer forma, o ponto final de Petersen, de que “não vendemos 3 milhões de cópias de Age of Empires 2 na Coreia”, parece ser preciso. Mas isso não impediu o jogo de desfrutar de décadas de suporte tanto dos jogadores quanto da Microsoft. A Definitive Edition ainda recebe grandes atualizações, com a mais recente sendo uma das maiores que o jogo já teve.


Este artigo foi inspirado no original disponível em pcgamer.com.

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