O renomado diretor argentino Alejandro Agresti, conhecido por filmes como “The Lake House”, retorna às telas com “Lo Que Quisimos Ser” (“O Que Queríamos Ser”), uma história emocionante sobre dois indivíduos que constroem uma relação única, mas continuam a desejar algo mais. O filme, que estreou fora da competição no Festival de Cinema de Málaga, se passa em 1998 e acompanha um homem e uma mulher (interpretados por Luis Rubio e Eleonora Wexler) que se conhecem pela primeira vez em frente a um cinema em Buenos Aires. Eles eram os únicos espectadores da sessão do clássico de 1940 “His Girl Friday”, estrelado por Cary Grant e Rosalind Russell, dirigido por Howard Hawks. Após o filme, decidem tomar um drinque juntos e, a pedido dela, criam novas identidades para si mesmos, assumindo os papéis de quem sempre desejaram ser: ela se torna Irene, uma romancista apaixonada; ele, Yuri, um astronauta aventureiro que cresceu na África. A conexão é imediata, e eles combinam de se encontrar toda quinta-feira no mesmo lugar para viver suas fantasias. Ao longo do tempo, a proximidade entre os dois aumenta, assim como a realidade começa a se intrometer.
Em entrevista à Variety, Agresti compartilhou parte de sua inspiração para o filme: Parte da ideia veio de observar e refletir sobre uma certa ‘nova’ forma de se relacionar através das redes sociais. Como podemos construir nossa própria imagem e passado à vontade, fingindo ser o que não somos, substituindo isso pelo que gostaríamos ou nos percebemos ser.
Ele também explicou que escolheu ambientar a história em 1998 justamente para se distanciar da invasão atual das mídias sociais. Quis explorar o jogo proposto pela história cara a cara, entre duas pessoas.
Além disso, o filme presta homenagem aos clássicos de Hollywood, ao mesmo tempo em que mergulha na exploração da pretensão e da performance social no mundo real. Como Irene reflete no filme, todos nós somos, de certa forma, atores por trás da cortina do cenário social em que vivemos. Um jogo que tem seu lado inocente, mas que também pode nos prejudicar, fazendo-nos perder o sentido de quem somos, impondo narcisicamente aos outros que se tornem espelhos de nossos caprichos.
Embora a história aborde temas como aceitação das escolhas da vida, arrependimentos e a brevidade da existência, Agresti afirma que explorou esses aspectos apenas na medida em que a história permitia, sem truques ou parafernálias narrativas; mantendo a simplicidade e a humanidade desses dois personagens.
Para encarnar Irene e Yuri, Eleonora Wexler e Luis Rubio foram escolhas perfeitas, segundo o diretor. Eleonora domina sua expressão facial como poucas atrizes com quem já trabalhei. Ela consegue transformá-la nas paisagens mais diversas sem necessidade de elaboração técnica, com uma pureza, honestidade e sutileza impressionantes em cada gesto.
Sobre Rubio, Agresti revelou: Escrevi o roteiro pensando nele, mesmo sem conhecê-lo pessoalmente. Já o havia visto em papéis completamente diferentes deste. Ele é originalmente um comediante, mas além dessa qualidade, percebi nele uma pessoa vulnerável e cativante, capaz de desempenhar qualquer papel. São dois atores de grande profundidade.
Produzido por Gastón Duprat, Fernando Sokolowicz e Analía Perez, “O Que Queríamos Ser” é distribuído internacionalmente pela Latido Films, sediada em Madri. O filme promete uma reflexão profunda sobre identidade, conexão humana e os papéis que desempenhamos na vida.
—
Este artigo foi inspirado no original disponível em variety.com