Produção Da Cadeira: Marie-Ange Luciani Anuncia Projetos de Novos Diretores

Apesar de já ter conquistado um Oscar, uma Palma de Ouro e seis prêmios César com Anatomia de uma Queda, de Justine Triet, a produtora francesa Marie-Ange Luciani não se acomoda. À frente da produtora Les Films de Pierre, sediada em Paris, ela continua apostando em cineastas emergentes, como Laura Wandel, cujo segundo longa, Adam’s Sake, abriu a Semana da Crítica de Cannes este ano com ótima recepção. Além disso, mantém parcerias com autores consagrados, como Robin Campillo, vencedor do Prêmio do Júri em Cannes 2017 por 120 Batimentos por Minuto e que este ano estreou Enzo na Quinzena dos Realizadores – filme que finalizou após a morte do amigo Laurent Cantet, diretor de Entre os Muros da Escola, vencedor da Palma de Ouro.

Enquanto desenvolve a sequência de Anatomia de uma Queda – que será rodado em inglês e contará com grandes estrelas –, Luciani já mira um 2026 agitado. Pela primeira vez, trabalhará com Alain Guiraudie, diretor do aclamado thriller erótico O Estranho do Lago, premiado em Cannes. Guiraudie está adaptando L’Île, de Robert Merle, um romance de aventura inspirado na história real dos amotinados do HMS Bounty em 1789. “O livro foi um sucesso nos anos 1970 e traz uma versão ficcional da rebelião na Polinésia”, explica Luciani, que pretende filmar no local em 2025. “Será um projeto ambicioso, político e com um toque de excentricidade, abordando temas como distribuição de terras e construção da democracia”, adianta.

Outro projeto em andamento é a nova produção de Monia Chokri, em parceria com a canadense Nancy Grant. Será o primeiro filme da atriz e diretora rodado na França, com elenco local. Chokri, cuja comédia romântica A Natureza do Amor venceu o César de Melhor Filme Estrangeiro em 2024 (superando Oppenheimer, de Nolan), está em Cannes este ano como atriz em dois filmes: Des preuves d’amour e Love Me Tender.

Luciani também se dedica ao não-ficcional. Está coproduzindo Une vie manifeste, documentário dirigido por Jean-Gabriel Periot sobre Michèle Firk, jornalista, crítica de cinema e ativista anticolonial dos anos 1960-70. “Ela queria ser cineasta, mas, por ser mulher, não pôde realizar seu sonho”, conta Luciani. O filme, baseado no diário pessoal de Firk, será narrado por atores franceses conhecidos.

Por fim, a produtora está envolvida na estreia de Hélène Rosselet-Ruiz, Le triangle d’or, estrelado por Mallory Wanecque (Batimentos do Coração). Inspirado na vida da diretora, o filme explora a relação improvável entre uma jovem faxineira e uma mulher saudita para quem trabalha em Paris. “É uma história sobre a condição feminina em contextos muito diferentes”, diz Luciani, destacando o apoio de distribuidoras como MK2 Films e Ad Vitam.

Mesmo após o sucesso de Anatomia de uma Queda, Luciani prefere manter um número limitado de projetos para garantir qualidade e proximidade com os diretores. “Produzir estreias é uma maratona, mas é essencial apoiar novos olhares”, reflete. Sua produtora, que tem cinco funcionários, aumentou o ritmo nos últimos anos – de um para dois filmes anuais – e planeja três em 2025. “Quero manter a liberdade e o artesanato, sem cair na armadilha de produzir só para sustentar a estrutura”, conclui.


Este artigo foi inspirado no original disponível em variety.com

Deixe um comentário