A seção paralela do Festival de Cannes, ACID, divulgou sua seleção para 2025, composta por nove longas-metragens. Entre os escolhidos estão “L’aventura”, de Sophie Letourneur, “The Black Snake”, de Aurélien Vernhes-Lermusiaux, “Drifting Laurent”, dirigido por Anton Balekdjian, Léo Couture e Mattéo Eustachon, além de “Drunken Noodles”, de Lucio Castro, “Entroncamento”, de Pedro Cabeleira, e “A Light That Never Goes Out”, estreia do diretor Lauri-Matti Parppei. Três documentários também foram selecionados: “Obscure Night – Ain’t I a Child?”, de Sylvain George, “Put Your Soul on Your Hand and Walk”, de Sepideh Farsi, e “La Vie Après Siham”, de Namir Abdel Messeeh.
“Tenho certeza de que, depois de assistir a esses filmes, você não vai dizer: ‘Já vi isso antes.’ Em vez disso, vai pensar: ‘O que acabei de ver?'”, destacou Pauline Ginot, delegada geral da ACID. “Nosso único tema é contar histórias de um jeito diferente. É precioso para cineastas ter um espaço assim em Cannes – um trampolim para o cinema independente, onde filmes são vistos por outros cineastas. Isso faz toda a diferença.”
A ACID é uma associação de diretores de cinema. O comitê de seleção deste ano incluiu 14 cineastas, como Romain André, Camila Beltran e Clara Teper. “Eles se dedicam a assistir filmes de seus pares, buscando narrativas que fujam do convencional”, explicou Ginot. “Os diretores selecionados não querem ‘provar um ponto’ – eles acreditam no poder do cinema, mas também no humor e na leveza. Eles fazem filmes para compartilhar, não apenas para exibir.”
Entre as novas vozes está o finlandês Lauri-Matti Parppei, com seu filme sobre depressão que, paradoxalmente, é “alegre”. “É incrível poder apresentar novos talentos ao mundo”, disse Ginot. Mas há também nomes conhecidos, como Sepideh Farsi, que traz um documentário sobre a guerra em Gaza. “Como exibir um filme sobre guerra em Cannes, onde há festas e champanhe? É um dilema, como foi com ‘In the Rearview’, sobre a Ucrânia”, refletiu Ginot. “Mas esse filme vai além – é sobre o encontro de duas mulheres do mundo árabe, uma iraniana e outra palestina, e sobre o que se pode (ou não) dizer em meio ao conflito.”
Sophie Letourneur retorna com seu quinto filme, estrelado por Philippe Katerine, o polêmico “homem azul” da abertura das Olimpíadas de Paris. “É um filme sobre o caos, e Philippe personifica isso”, brincou Ginot. Já “Drifting Laurent” mistura temas contemporâneos com reviravoltas surpreendentes, enquanto “Drunken Noodles” é descrito como um “conto de fadas para adultos”.
Os documentários também têm espaço. “Na França, é difícil exibi-los nos cinemas, mas queremos dar voz a eles e à animação”, afirmou Ginot. “Tudo se resume a fazer algo nunca visto antes. E, no fim, amamos cinema – é o melhor trabalho do mundo.”
Destaques da Seleção:
- “L’aventura” (Ficção, França) – Sophie Letourneur narra as férias de uma família na Sardenha, contadas pela perspectiva de Claudine, uma garota de 11 anos.
- “The Black Snake” (Ficção, França/Colômbia/Brasil) – Ciro retorna ao deserto de Tatacoa para enfrentar seu passado e um legado ancestral.
- “Drifting Laurent” (Ficção, França) – Um jovem em busca de sentido acampa em um resort de esqui vazio e se envolve com os moradores locais.
- “Put Your Soul on Your Hand and Walk” (Documentário, França/Palestina/Irã) – Sepideh Farsi retrata a guerra em Gaza através do olhar de Fatem, uma mulher que se tornou seus “olhos” no conflito.
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Este artigo foi inspirado no original disponível em variety.com