Não tem nada mais divertido do que ver o CEO da Take-Two, Strauss Zelnick, filosofando sobre Grand Theft Auto 6. E, convenhamos, ele até tem motivo para isso.
Como comentei quando o segundo trailer foi lançado, a Rockstar está elevando o patamar do jogo a um nível que me faz questionar a própria existência em tempo recorde. Mesmo assim, no fim das contas, ainda será um jogo sobre cometer crimes, roubar carros e, quem sabe, uma dupla de criminosos extremamente atraentes. Duvido que vá parar no Louvre, mas ok.
Apesar disso, Zelnick está novamente exaltando a busca por uma espécie de “singularidade do crime virtual”. Em entrevista à IGN, ele revelou que o adiamento do jogo foi para garantir que a Rockstar tivesse tempo de perseguir—adivinhem—a perfeição.
“À medida que nos aproximamos da finalização de um título que busca a perfeição, as necessidades—ou a falta delas—de um polimento adicional ficam claras”, explicou Zelnick. “Neste caso, havia a oportunidade, com um pouco mais de tempo, de garantir que a Rockstar alcançasse sua visão criativa sem limitações. E eu, claro, apoiei essa decisão.”
É tudo um discurso corporativo, é verdade, mas fica claro que Zelnick não aceita nada menos do que o ideal platônico de um videogame. A pura essência da jogabilidade destilada em sua forma mais cristalina. Precisamos nos fundir com Grand Theft Auto, deixando que sua aura imaculada nos atravesse como o sopro de um deus adormecido.
Brincadeiras à parte, é nítido que a identidade da Rockstar evoluiu de “vamos fazer uns jogos de mundo aberto legais” para “se não estivermos revolucionando as expectativas gráficas, então qual é o propósito?”. E não sou só eu que penso assim—o próprio Zelnick já disse, em fevereiro do ano passado, que o time está em busca da perfeição desde o primeiro dia.
Na verdade, ele não para de bater nessa tecla. Em maio deste ano, Zelnick afirmou que “a perfeição é realmente difícil de medir”. Também disse que estava confiante no prazo de lançamento do GTA 6, então talvez tenham descoberto como medi-la nesse meio-tempo.
De qualquer forma, Zelnick admite que os adiamentos o incomodam: “Claro que atrasos são dolorosos—como não seriam?—, mas o mais importante é apoiar suas equipes na busca pela perfeição.” Lá vem essa palavra de novo. Zelnick, meu amigo, que tal um sinônimo? “Inefabilidade” ou “sublimidade” estão ali, esperando. Se continuar nessa obsessão por perfeição, vou ficar preocupado. Mas, considerando o quão deslumbrante o GTA 6 parece estar, pelo menos o resultado está valendo a pena.
—
Este artigo foi inspirado no original disponível em pcgamer.com.