CL1: O Primeiro Computador Biológico Implantável do Mundo Desperta Curiosidade e Debates Éticos sobre Tecnologia e Consciência

Aqui vai uma para você: quando um “corpo em uma caixa” não é tão macabro quanto parece? Simples — quando se trata de uma startup de tecnologia. Espere! Guarde aquele visual de trench coat e óculos escuros dos anos 2000! Deixe-me explicar.

O CL1 é descrito como “o primeiro computador biológico implantável do mundo”, segundo o site chamativo, incorporando células do cérebro humano para enviar e receber sinais elétricos (via The Independent). Essas células ficam na superfície do chip de silício do computador, e o sistema operacional de inteligência biológica da máquina (ou biOS, para encurtar — fofo) permite que os usuários controlem os neurônios para diversas tarefas computacionais.

Hardware orgânico como esse para fins de pesquisa não é novidade — por exemplo, a Neuroplatform da FinalSpark começou a oferecer “minicérebros” alugáveis no ano passado.

Os neurônios centrais do CL1 são cultivados em laboratório, desenvolvidos em uma solução rica em nutrientes e mantidos vivos graças a um ambiente com temperatura rigorosamente controlada, juntamente com um sistema interno de suporte à vida. Em condições favoráveis, as células podem sobreviver por até seis meses. Daí a analogia do diretor científico do projeto, Brett Kagan, que o descreveu como “um corpo em uma caixa”.

Se você estiver interessado em adquirir seu próprio computador surpreendentemente “carnudo” e de vida curta, poderá fazê-lo a partir de junho… por US$ 35.000. Agora, eu sei o que você está pensando — não porque você esteja vivendo em um pod estilo Matrix, mas porque estou fazendo a mesma pergunta: Por quê?

Primeiro, um pouco mais de contexto sobre essa “caixa cerebral”, que é o projeto mais recente da Cortical Labs e foi revelado esta semana no Mobile World Congress, em Barcelona. Já cobrimos essa empresa de Melbourne antes, com destaques como o momento em que a equipe conseguiu fazer células cerebrais em uma placa de Petri aprenderem Pong mais rápido que uma IA.

Esse último experimento é o avô do CL1, com o interesse científico contínuo alimentado pela esperança de que “wetware” (hardware biológico), como células cerebrais cultivadas em laboratório, possa dar um impulso significativo à robótica e à IA. Enquanto a IA tradicional pode jogar algo como o jogo favorito dos amantes de teatro, “sim, e”, mas totalmente sem compreensão real do contexto, os neurônios cultivados em laboratório poderiam potencialmente aprender e se adaptar.

Além disso, as células cultivadas em laboratório são aparentemente muito mais eficientes em termos de energia em comparação com as demandas de energia da IA em computadores tradicionais não biológicos. Acontece que as velhas células cerebrais ainda têm algumas lições a ensinar ao silício moderno. Quem diria?

No entanto, não há como evitar a questão ética: o que essas células cerebrais estão experimentando, e será que é algo próximo à consciência — ou ao sofrimento? Talvez minhas perguntas sejam um tanto hiperbólicas, mas minha própria caixa craniana não pode deixar de se perguntar.


Este artigo foi inspirado no original disponível em pcgamer.com.

Deixe um comentário