Você sabia que a Valve está arrasando no mercado? A empresa não só compete de igual para igual com a Amazon, como também supera a Apple em receita por funcionário e tem um peso tão grande que até a Microsoft parece estar voltando de cabeça baixa. E eu aposto que Monica Harrington, uma das primeiras executivas da Valve e sua ex-diretora de marketing, sabe exatamente o porquê desse sucesso.
Em uma entrevista com Ted Litchfield, da PC Gamer, durante a GDC 2025, Harrington revelou o segredo por trás do triunfo da Valve – além, é claro, de sua própria expertise e visão estratégica, que a levaram a desafiar a Sierra durante o desenvolvimento de Half-Life. Resumindo: “Se você quer permanecer nesse mercado por muito tempo, as pessoas precisam confiar em você.”
Antes da entrevista, Harrington falou sobre um jogo no qual trabalhou na Microsoft: “Eu sabia como promovê-lo, mas precisava de um título que realmente merecesse ser um sucesso. Com o tempo, percebi que as coisas não estavam indo bem.” Ela contou que, por estar próxima das equipes técnicas, percebeu o desânimo nos corredores – algo que os relatórios formais não capturavam. “Não estava sentindo uma energia boa.” Em uma reunião decisiva, bastou uma pergunta simples – “Tem certeza?” – para que o projeto fosse cancelado indiretamente.
Harrington usou esse caso anônimo como exemplo em sua conversa com Ted: “Eu não poderia pedir à equipe de marketing que promovesse algo em que não acreditávamos. Na Valve, também matamos projetos assim.” Ela destacou que, muitas vezes, a falta de entusiasmo de revisores ou colegas era um sinal claro de que algo não estava certo. “O brilho não estava lá, e isso era um alerta.”
Para Harrington, essa sensibilidade aguçada é o que separa os bons profissionais de marketing dos gênios. “Muitos deles vinham de agências de PR, mas o que os destacava era a capacidade de captar nuances e questionar internamente, quase como um psicólogo faria.” Aquele “Tem certeza?” dela ecoa como um lembrete poderoso.
É uma lição valiosa – e mais prática do que algumas teorias apresentadas na conferência, como a de que “alguns jogos simplesmente têm a magia”. Harrington vai além: é essencial cortar projetos sem potencial cedo e lutar com unhas e dentes para manter os que têm alma. E, pelo visto, a Valve sabe muito bem como fazer isso.
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Este artigo foi inspirado no original disponível em pcgamer.com.