Criptomoedas: O Fim da Era da Mineração para Pequenos Investidores em Meio a Custos Exorbitantes

Enquanto limpo a poeira do meu caixão digital, me levanto para contar a vocês que estive lá, nos primórdios, quando as criptomoedas eram mineradas das entranhas da fronteira digital. Cheguei cedo o suficiente para olhar meu velho rig e me perguntar se valeria a pena ligá-lo só para ver se conseguia garimpar algumas moedas ao longo de um mês. Conheci gente que, por acidente, jogou fora HDs repletos de BTC. Também conheci os sortudos que entraram cedo e saíram rápido — ou, como eu os chamo, “os bastardos”.

Desde seus primeiros dias, o mundo das criptos tem sido, para dizer o mínimo, um verdadeiro caos de proporções criptológicas. Mesmo quando ainda fazia algum sentido colocar seu rig para trabalhar, era uma longa espera para talvez desenterrar uma ou outra moeda. E, claro, sua GPU acabava reduzida a pó, enquanto sua conta de luz disparava sem piedade.

Por essas razões, faz tempo que não considero a mineração de Bitcoin um investimento viável — e parece que o mercado finalmente está se alinhando com minhas suspeitas. Até especialistas, como a CoinShares (via Overclockers), começam a questionar esse modelo de negócio, mesmo com o BTC batendo recordes de valorização recentemente.

Dados recentes revelam que minerar um único Bitcoin custa às grandes empresas do setor mais de US$ 82 mil — quase o dobro do valor do trimestre anterior. Para operações menores, a estimativa salta para US$ 137 mil por BTC. O problema? Cada Bitcoin vale atualmente US$ 94.703. A matemática, como se vê, não fecha.

E os custos podem ser ainda mais assustadores dependendo do país. A Alemanha, por exemplo, é um dos piores lugares para minerar BTC se o objetivo é lucro: uma única moeda pode custar US$ 200 mil para ser extraída lá.

Então, por que alguém ainda se aventuraria nisso? Além da esperança ingênua de ficar rico, a resposta está na tecnologia. O foco atual está em otimizar fazendas de mineração para operar com mais velocidade e menos energia, além de buscar regiões com eletricidade barata para maximizar ganhos.

Com estruturas ultraeficientes e (com sorte) menos vorazes em energia, não só os custos caem, mas também surge a possibilidade de usar essa capacidade computacional para outras tarefas. Grandes empresas podem, por exemplo, alugar suas operações para processamento paralelo quando a mineração não estiver valendo a pena — e retomar assim que o mercado melhorar.

A conclusão é clara: minerar criptomoedas não é mais viável para o pequeno investidor, talvez nunca mais seja. Com megacentros dominando o jogo, não há como competir. Qualquer nova moeda que surgir será rapidamente absorvida por esses gigantes. Melhor deixar seu PC brilhar nos jogos, como manda o bom senso — e, quem sabe, os desígnios divinos.


Este artigo foi inspirado no original disponível em pcgamer.com.

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