Durante o Variety Global Conversations Summit, realizado na sexta-feira em Lucia Beach, Cannes, o especialista em relações internacionais do Centro Nacional de Cinema da Bulgária, Stefan Prohorov, revelou que mais de 30 projetos já foram beneficiados pelo programa de reembolso de 25% em dinheiro oferecido pelo país nos últimos dois anos. Entre eles, está a produção da Disney+ “Young Woman and the Sea”, estrelada por Daisy Ridley e produzida por Jerry Bruckheimer. Prohorov destacou que o incentivo “está totalmente operacional, funcionando de forma eficiente e ágil.”
Além do benefício financeiro, a Bulgária oferece outras vantagens, como uma diversidade impressionante de locações naturais e uma equipe técnica altamente qualificada. “Temos uma infraestrutura excelente em termos de equipe, profissionais de alto nível com custos competitivos, e esse mercado só cresce”, afirmou Prohorov. “É uma indústria jovem, com a média de idade dos profissionais abaixo dos 40 anos.”
O Nu Boyana Film Studio, principal complexo de produção do país, conta com oito estúdios, cinco oficinas, um tanque de água e toda a infraestrutura necessária para grandes produções. Yariv Lerner, CEO do estúdio, brincou: “Temos muitos ‘brinquedos’ divertidos para trabalhar.” Entre os projetos filmados lá, ele destacou “Young Woman and the Sea”, que narra a história real de Trudy Ederle, a primeira mulher a atravessar o Canal da Mancha a nado. O filme foi rodado inteiramente na Bulgária, dividido entre Sófia e Varna. Lerner também mencionou o impacto positivo da produção no emprego local: “Com a guerra na Ucrânia, muitas pessoas deslocadas encontraram trabalho conosco. Chegamos a empregar 5.000 pessoas além da nossa equipe fixa.”
Krassimira Belev, atriz, produtora e roteirista búlgara, que estreou seu primeiro longa-metragem “The Therapy” em Cannes, ressaltou as oportunidades para cineastas independentes. “A Bulgária permite produzir filmes com orçamentos menores, graças ao custo acessível. É como uma joia escondida, onde você consegue reunir uma equipe e elenco talentosos sem gastar fortunas.” Ela ainda elogiou a receptividade do país: “As pessoas ficam empolgadas com as filmagens. Conseguimos locações diversas, e todos colaboram com entusiasmo.”
Prohorov reforçou o espírito colaborativo dos búlgaros: “Somos solucionadores de problemas. Você não precisa procurar um ‘fixer’—quase qualquer um pode ajudar.” Lerner comparou o cenário atual ao de Berlim pós-União Soviética: “Muitos cineastas que vêm acabam querendo morar aqui. Sófia tem essa energia criativa.”
Martin Petrov, diretor do International Film Festival Glasgow, destacou o crescimento das coproduções búlgaras, citando o sucesso de “Gundi: Legend of Love” e o curta vencedor da Palma de Ouro em Cannes, “The Man Who Could Not Remain Silent”. “Cerca de 70% dos filmes búlgaros que recebemos no festival são coproduções, o que mostra uma mentalidade aberta à colaboração”, observou.
O painel sobre a Bulgária foi moderado por Leo Barraclough, diretor de features internacionais da Variety.
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Este artigo foi inspirado no original disponível em variety.com