O Green Day nunca deixou de ser um ato político – e não seria diferente em sua estreia como headliner do Coachella no sábado. Durante a performance de “Jesus of Suburbia”, Billie Joe Armstrong alterou a letra original para fazer um comentário sobre o conflito entre Israel e Palestina: “Fugindo da dor, como as crianças da Palestina / Histórias de outro lar destruído”, cantou, substituindo os versos de 2004 (“Fugindo da dor quando você é vitimizado”).
Não foi a primeira vez que Armstrong adaptou letras para críticas políticas. No mês passado, na Austrália, ele já havia modificado a mesma música, trocando “Sou retardado ou apenas feliz demais?” por “Sou retardado ou apenas J.D. Vance?” – uma provocação ao senador americano.
Mas política sempre esteve no DNA do Green Day, e seu show no Coachella foi uma prova disso. Com um setlist repleto de sucessos e performances impecáveis, a banda mostrou por que permanece relevante há décadas. Entre músicas como “Basket Case”, “Wake Me Up When September Ends” e “Minority”, as declarações de Armstrong ecoaram: “Não faço parte da agenda MAGA”, gritou em “American Idiot”; “Essa música é contra a guerra”, anunciou antes de “Holiday”.
O que mais impressionou, porém, foi a conexão com o público. Armstrong convidou não um, mas dois fãs para subir ao palco: Brooke, que cantou “Know Your Enemy” com ele, e outro espectador, que tocou guitarra em “Good Riddance (Time of Your Life)”. Poucas bandas têm essa confiança – e poucas conseguem transformar cada música em um hino, independentemente de quando foi lançada.
O punk do Green Day ainda é um grito de rebeldia, e no Coachella, entre clássicos dos anos 90 e faixas do novo álbum “Saviors”, ficou claro: sua música nunca foi só entretenimento. É protesto. E, como sempre, Billie Joe Armstrong soube exatamente como fazer isso soar como um furacão.
—
Este artigo foi inspirado no original disponível em variety.com