Poucos dias antes do início do Festival de Cannes 2025, um vídeo vazado de Kung Fury 2 causou alvoroço na internet. O teaser de 10 minutos, postado em uma conta anônima do YouTube (e removido em menos de 24 horas), exibia uma mistura insana de ação, comédia e artes marciais em uma homenagem exagerada e delirante aos anos 80. Michael Fassbender aparece como um policial renegado com um topete imponente, enquanto Arnold Schwarzenegger interpreta um presidente dos EUA que combate nazistas. Para alguns, a reação foi um sincero “o que foi isso?”, mas para outros foi um lembrete bem-vindo de um filme há muito adiado e quase esquecido.
Kung Fury 2 foi anunciado pela primeira vez em Cannes em 2015, após o sucesso inesperado do original, um curta de 30 minutos sobre um “policial de kung fu” que viaja no tempo da Miami dos anos 80 para enfrentar o “Kung Führer”, Adolf Hitler. Dirigido e estrelado por David Sandberg, o projeto nasceu de uma campanha de crowdfunding bem-sucedida, com fãs indo até a casa dele na Suécia para ajudar na produção. “A paixão estava no DNA do projeto”, lembra Sandberg. “Todo mundo que trabalhou nele compartilhava desse sentimento.”
Em Cannes, o filme estreou na mostra Directors’ Fortnight, tradicionalmente voltada para cineastas autorais, e não para histórias malucas de policiais viajantes no tempo, guerreiros vikings com metralhadoras montados em dinossauros (e muito mais). Sandberg estava nervoso, mas o público riu tanto que ele nem ouvia o filme. “Foi muito reconfortante”, diz.
Nos anos seguintes, a produção de Kung Fury 2 se tornou uma jornada caótica. Schwarzenegger e Fassbender se juntaram ao elenco em 2018, com Fassbender também atuando como produtor. As filmagens começaram em 2019, mas problemas com um dos principais investidores, a empresa chinesa Creasun Entertainment, paralisaram o projeto. Segundo Sandberg, os pagamentos para os efeitos visuais nunca chegaram, levando a batalhas judiciais que se arrastam até hoje.
Mesmo com as dificuldades, Sandberg garante que as filmagens estão concluídas e o filme está editado. Restam apenas os efeitos visuais, que exigiriam entre US$ 5 e US$ 10 milhões. Enquanto espera uma solução, o diretor mergulhou em um novo projeto secreto, financiado pelo empresário finlandês Mikko Kodisoja, cofundador da Supercell (Clash of Clans, Brawl Stars). Mas ele não desistiu de Kung Fury 2: “É um filme incrível, e um dia vai ser lançado. Fassbender e Arnold estão espetaculares. Todo mundo sentiu o amor que colocamos nisso.”
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Este artigo foi inspirado no original disponível em variety.com