Donna Langley, CEO da NBCUniversal, falou abertamente sobre liderança em tempos desafiadores, a gestão de expectativas de talentos de alto perfil em um mercado em transformação e como a indústria do entretenimento está reagindo ao surgimento da inteligência artificial generativa. “Apertem os cintos”, brincou Langley ao comentar as tendências econômicas e do mercado durante seu discurso na segunda edição do Changemakers Summit da CNBC, evento que destaca mulheres líderes e empreendedoras.
Em momentos de crise, Langley destacou a importância de os líderes reconhecerem a incerteza do cenário. “É um terreno instável e desafiador”, disse ela em conversa com Julia Boorstin, da CNBC. A executiva também abordou como a IA se tornou um tema central nas negociações que encerraram as greves de roteiristas e atores em 2023. “Na criação de conteúdo e em seus processos adjacentes, a IA é apenas mais uma tecnologia – porém, exponencialmente mais poderosa, rápida e ubíqua. Seu impacto será maior, mas precisamos regulá-la com cuidado ético”, afirmou.
Langley enfatizou que a indústria deve manter a produção centrada no ser humano. “O pânico inicial foi prematuro. A disrupção acontece gradualmente. Precisamos adotar a IA com equilíbrio: experimentar, aprender, mas sem desespero”, explicou.
Sobre as pressões econômicas no setor audiovisual, Langley citou com humor a série “The Studio” (Apple TV+), que satiriza Hollywood. “Já vivi situações como as retratadas ali”, admitiu. Para ela, a transparência é essencial no relacionamento com talentos criativos: “Um ‘não’ rápido é melhor que um ‘sim’ demorado. Ninguém gosta de ficar no limbo”.
Quanto ao futuro do cinema, Langley mostrou otimismo: “É como um transatlântico – estável, mesmo com desafios. Sabemos o que o público quer pós-pandemia”. Ela citou o sucesso de animações, filmes em Imax e parcerias ágeis, como a com o produtor Jason Blum no gênero terror. “O mercado doméstico estabilizou em uma queda de 20% ante 2019”, observou.
Já a TV, agora sob sua gestão na NBCUniversal, enfrenta mudanças radicais. “O consumo de conteúdo nunca foi tão alto, mas a monetização está em crise”, disse. A empresa focará em títulos premium e esportes para impulsionar a NBC, a Bravo e o Peacock. “O linear declina rápido, mas precisamos de uma rede forte para sustentar nossos direitos esportivos e alimentar o streaming”, concluiu Langley, traçando um caminho enxuto para a empresa.
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Este artigo foi inspirado no original disponível em variety.com