O cinema paquistanês está prestes a mergulhar novamente no gênero de terror com “Deemak” (que significa “Cupim”), um thriller sobrenatural psicológico. O filme representa um grande esforço para elevar a produção local, com alta qualidade técnica e narrativa envolvente. Dirigido por Rafay Rashdi (“Badshah Begum”, “The Java Plum Tree”) e escrito por Ayesha Muzaffar (autora de “Abus Jinns” e “Jinnistan”), a trama explora a relação conturbada entre uma sogra e sua nora, enquanto eventos paranormais assombram uma casa familiar. A produção é da Wah Wah Productions, com Syed Murad Ali como produtor executivo.
O elenco reúne grandes nomes do cinema paquistanês, como Faysal Quraishi (“Money Back Guarantee”), Sonya Hussyn (“Tich Button”), Samina Peerzada (“Balaa”), Javed Sheikh (“Chand Nagar”) e Bushra Ansari (“Tere Bin”). A distribuição ficará a cargo da Mandviwalla Entertainment, com parceria de mídia da Geo Films. Em “Deemak”, uma família vê sua casa se transformar em palco de fenômenos sobrenaturais cada vez mais perturbadores. À medida que o terror avança, uma batalha psicológica se instala entre a sogra e a nora, enquanto o filho (e marido) fica dividido entre as duas mulheres que ama. A sinopse promete uma narrativa em que “o espaço antes familiar se torna um labirinto de medo, onde a linha entre o mundo dos vivos e o sobrenatural se desfaz a cada noite”. Os cineastas revelam que a história foi inspirada em eventos reais.
A produção busca misturar o folclore local sobre Jinns (entidades sobrenaturais da tradição islâmica) com elementos de horror psicológico, criando uma contribuição única do Paquistão para o gênero. Syed Murad Ali, produtor executivo, traz sua paixão de longa data pelo terror: “Sempre fui fascinado por filmes de horror — assisti a incontáveis produções ao longo da vida, e a ideia de criar o meu próprio me acompanha há anos”, revela. Para ele, o projeto vai além do entretenimento: “Nossa indústria cinematográfica tem talento subutilizado, mas precisa de apoio, investimento e histórias de alta qualidade. Acredito que ‘Deemak’ representa exatamente isso”.
O diretor Rafay Rashdi vê no filme a realização de um antigo desejo: “Sou um grande fã do gênero. Já havia feito alguns curtas experimentais de terror no início da carreira e sempre imaginei trabalhar em um longa sobrenatural”. Ele conta que o conceito surgiu de um projeto anterior, chamado “Yaqeen” (“Crença”), anunciado há seis anos. A parceria com Ayesha Muzaffar permitiu explorar relações familiares sob uma perspectiva sobrenatural: “Decidimos acrescentar o conflito emocional de um filho dividido entre as duas mulheres, que também é um marido tentando manter a paz em um lar paquistanês. Esse drama humano, somado ao elemento paranormal, abriu possibilidades incríveis”.
O cinema de terror no Paquistão tem marcos importantes, como o cult “Zinda Laash” (1967), considerado o primeiro filme do gênero no país — uma releitura sul-asiática de Drácula. Após décadas de produções independentes e seriados de TV, o gênero ressurgiu com “Zibahkhana” (2007), um slasher de zumbis em inglês e urdu que estreou em festivais internacionais. Isso abriu caminho para títulos como “Maya” (2015) e “Aksbandh” (2016), que exploraram o folclore local. Recentemente, “In Flames” (2023), terror psicológico exibido no Cannes, marcou uma guinada para o cinema autoral. Ainda nichado e sob restrições conservadoras, o gênero busca espaço com narrativas híbridas e produções independentes.
“Deemak” estreia em todo o Paquistão no Eid ul Adha (6 de junho). Assista ao trailer acima!
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Este artigo foi inspirado no original disponível em variety.com