Maturidade do VFX Francês se Destaca em Cannes: “Alpha”, “Nouvelle Vague”, “Colors of Time” e “The Great Arch”
A indústria de efeitos visuais da França experimentou um crescimento rápido, inicialmente impulsionado por uma medida fiscal de 2020 que permitiu às produções internacionais qualificadas reivindicar um rebate de 40% sobre gastos digitais.

A indústria de efeitos visuais (VFX) da França vive um boom impulsionado por medidas governamentais, como o incentivo fiscal de 2020 que garantiu um reembolso de 40% em despesas digitais para produções internacionais qualificadas. Essa política revitalizou o setor de pós-produção, atraindo grandes projetos e criando um ciclo virtuoso de crescimento. Iniciativas públicas posteriores, como o plano de investimentos France 2030 e os bônus do CNC (Centro Nacional de Cinema), ampliaram ainda mais o ecossistema, que hoje conta com 4.500 profissionais especializados.
“O investimento em VFX por produções francesas disparou nos últimos anos, impulsionando o setor mesmo com a desaceleração global”, afirma Pauline Augrain, diretora digital do CNC. “As produções nacionais abraçaram os efeitos visuais tanto artisticamente quanto industrialmente, alcançando um novo patamar de maturidade.” Essa evolução será evidente no Festival de Cannes, com filmes como Alpha de Julia Ducournau, Nouvelle Vague de Richard Linklater e os épicos históricos Cores do Tempo (Cédric Klapisch) e O Grande Arco (Stéphane Demoustier), que utilizam VFX de forma criativa e integrada.
“Desde o início do cinema, criação e técnica caminham juntas”, destaca Arnaud Roland, gerente do France 2030. “Por isso, promovemos os VFX como parte essencial do processo criativo, não apenas um recurso de pós-produção.” Um exemplo é o trabalho da CGEV em Nouvelle Vague, onde recriaram a Paris dos anos 1950 com base em modelos digitais e arquivos históricos. “Recriar essa Paris de paralelepípedos e fachadas antigas foi um desafio complexo”, explica Alain Carsoux, diretor da CGEV. “Envolver-nos desde o roteiro foi crucial para entregar um trabalho de qualidade.”
Outro destaque é a Mathematic, estúdio parisiense que expandiu sua atuação para filmes e séries após consolidar-se em publicidade e videoclipes. Com sedes em Montreal e Los Angeles, a empresa contribuiu para projetos como Asteroid City (Wes Anderson) e A Baleia (Darren Aronofsky), este último vencedor do Oscar de Melhor Maquiagem. Recentemente, com apoio do France 2030, a Mathematic abriu um novo estúdio em Montpellier, conectando-se a talentos recém-formados nas melhores escolas de VFX do país.
“A França tem uma cultura artística enraizada”, observa Olivia McClean, produtora executiva. “Trabalhei nos EUA e no Reino Unido, mas aqui a colaboração entre departamentos é mais orgânica. Cada detalhe recebe atenção, nada é tratado como linha de montagem.”
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Este artigo foi inspirado no original disponível em variety.com