No universo da tecnologia, exagerar nas promessas de um produto é quase regra. Mas quando uma empresa de aplicativos arrecadou milhões em investimentos alegando ter um sistema totalmente automatizado por IA, o Departamento de Justiça dos EUA acusou seu ex-CEO de fraude. A razão? A suposta “inteligência artificial” era, na verdade, centenas de operadores de call center trabalhando nos bastidores.
A empresa em questão é a Nate, fundada em 2018, que rapidamente levantou mais de US$ 50 milhões em investimentos, segundo o TechCrunch. O grande atrativo era seu aplicativo de compras universal, que supostamente usava IA para automatizar todo o processo de compra — desde a seleção do produto até o pagamento e envio. Bastava o usuário clicar em um botão, e o sistema resolveria o resto.
Porém, uma investigação do The Information (via TechSpot) revelou que não havia IA alguma. Na realidade, eram funcionários de call center em países como Romênia e Filipinas realizando as tarefas manualmente, em um esquema que mais parecia uma farsa.
Embora haja um lado cômico nessa história, a lei tem um nome para isso: fraude. O fundador da Nate, Albert Saniger, foi formalmente acusado pelo Departamento de Justiça por “fazer alegações falsas sobre a tecnologia de inteligência artificial de sua empresa”. Em comunicado, o agente do FBI Christopher G. Raia afirmou: “Saniger supostamente enganou investidores com histórias fictícias sobre capacidades de IA, enquanto usava trabalhadores humanos para manter a ilusão de automação. Ele abusou de sua posição como CEO para perpetuar um esquema baseado em mentiras.”
Saniger responde por um crime de fraude de valores mobiliários e outro de fraude eletrônica, cada um com pena máxima de até 20 anos de prisão. A situação se agravou quando a Nate faliu há alguns anos, deixando investidores no prejuízo após vender seus ativos — o que chamou a atenção das autoridades.
Esse não é o primeiro caso em que uma suposta “IA” se revela um exército de pessoas trabalhando nos bastidores, e certamente não será o último. A lição é clara: diante de promessas tecnológicas milagrosas, desconfie até que haja provas concretas de que tudo funciona como anunciado.
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Este artigo foi inspirado no original disponível em pcgamer.com.