JioStar Investe 10 Bilhões em Conteúdo para Mercado de Streaming na Índia, Diz Uday Shankar

A gigante indiana de mídia JioStar está intensificando seus investimentos em conteúdo, injetando cerca de US$ 3,6 bilhões em programação este ano, com planos de aumentar ainda mais os gastos em 2026, conforme revelado por Uday Shankar, vice-presidente da empresa. Durante a primeira edição do World Audio Visual Entertainment Summit (WAVES) em Mumbai, Shankar detalhou a estratégia agressiva da companhia e destacou o potencial explosivo do mercado de mídia indiano. “Em 2024, gastamos [INR] 25.000 crores [US$ 3 bilhões] apenas em conteúdo. Em 2025, esse valor subiu para [INR] 30.000 crores [US$ 3,6 bilhões], e no próximo ano ultrapassará [INR] 32.000-35.000 crores [US$ 3,8-4,1 bilhões]”, afirmou Shankar em entrevista a Vivek Couto, da Media Partners Asia. “Em três anos, investimos mais de US$ 10 bilhões.”

Desde a fusão de US$ 8,5 milhões entre as plataformas Jio, da Reliance, e os ativos indianos da Disney, a JioStar surpreendeu o setor ao expandir tanto seu negócio tradicional de TV por assinatura quanto seu serviço de streaming. A empresa já atrai meio bilhão de usuários em suas plataformas, embora Shankar não tenha confirmado números específicos de assinantes, que eram de 200 milhões em abril. “Diziam que a TV por assinatura estava morta. Afirmavam que o mercado de streaming premium era limitado a 15-20 milhões de assinantes”, comentou Shankar. “Mas a TV por assinatura cresceu, não perdeu números desde que nos unimos, porque temos foco.”

Sobre a importância da acessibilidade no mercado indiano, Shankar foi enfático: “Se você vende apenas para 15-20 milhões de pessoas, pode cobrar o preço que quiser. Mas se a ambição é alcançar 300 milhões ou meio bilhão, a estratégia precisa priorizar o poder aquisitivo do público.” Ele destacou a sensibilidade ao preço como um dos motores do crescimento da mídia no país. “O boom da TV a cabo e por satélite na Índia aconteceu porque as lideranças do setor entenderam essa dinâmica. Precisamos manter essa mentalidade.”

Shankar criticou a falta de inovação nos modelos de monetização das empresas de mídia globais. “Há 70 anos, jornais viviam de assinaturas e publicidade. Hoje, as novas mídias ainda dependem dessas mesmas fontes”, observou. Ele previu que o mercado indiano de entretenimento em vídeo, avaliado em US$ 30 bilhões, pode dobrar em cinco anos se as empresas ampliarem sua distribuição e produzirem conteúdo adaptado ao gosto local. “Precisamos ir mais fundo e criar novas marcas”, disse, citando oportunidades em cidades menores.

Sobre os desafios do mercado cinematográfico, Shankar apontou que, enquanto Bollywood (indústria hindi) enfrenta dificuldades, os filmes do sul da Índia seguem em alta – divergência que ele atribui à falta de evolução no conteúdo do norte, que não acompanhou as mudanças no público. Por fim, ele pediu que reguladores evitem padronizar regras para diferentes plataformas. “Se as empresas de mídia não inovaram o suficiente, os reguladores estão ainda mais atrás”, afirmou. “Fala-se em ‘tratar todas as telas igualmente’, mas isso destruiria o valor de ambos os negócios.”


Este artigo foi inspirado no original disponível em variety.com

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