Quando Josh Holloway, o astro de “Lost”, entra no imponente Hotel Majestic em Cannes, seu rosto se ilumina com um sorriso largo. Ele acaba de avistar LaToya Morgan (“The Walking Dead”, “Shameless”), uma das mentes criativas por trás de sua nova série, “Duster”, da Max. Do outro lado da equipe criativa está ninguém menos que J.J. Abrams, reunindo os dois veteranos de “Lost” em um projeto aguardado com ansiedade.
Com estreia mundial no Canneseries, fora da competição, “Duster” é uma homenagem aos clássicos seriados de crime dos anos 1970. Ambientada no Sudoeste dos EUA em 1972, a trama acompanha a primeira agente negra do FBI (Rachel Hilson, de “This Is Us”) em sua missão de derrubar um poderoso sindicato do crime (liderado pelo veterano Keith David), com a ajuda de um motorista de fuga charmoso (Holloway). A série demorou a sair do papel: aprovada diretamente pela HBO em 2020 como parte do contrato de Abrams com a WarnerMedia, teve seu piloto filmado em 2021, regravado em 2023, e sua produção foi interrompida pelas greves do sindicato dos roteiristas.
Em entrevista à Variety antes da estreia, Holloway não esconde o entusiasmo. “Foi uma jornada e tanto. A vida prega essas peças às vezes. J.J. me chamou, aí veio a pandemia. Quando finalmente começamos a filmar, houve mudanças na HBO, greves, novos pilotos… Mas ele insistiu: ‘Vamos fazer isso acontecer.'”
“Essa persistência está refletida na série”, acrescenta. “Mudanças de gestão costumam significar recomeços. Fiquei orgulhoso cada vez que sobrevivemos, porque mostrou que acreditavam no potencial do projeto.”
Sobre a parceria com Abrams duas décadas depois de “Lost”, Holloway ri: “Tá brincando? Quando ele ligou perguntando se eu tinha um tempinho, a resposta foi ‘sim’ — sempre ‘sim’ para ele!”
“Foi incrível reencontrá-lo”, continua. “E quando ele mencionou LaToya, fui assistir ‘Into the Badlands’ e pensei: ‘Ela manda bem.’ Ela traz uma vibe única, diferente da do J.J. A combinação dos dois é genial. Eles são ágeis, sem rigidez, e isso impulsiona a série de um jeito sutil, mas impactante.”
Morgan lembra do primeiro encontro com Abrams, quando o produtor, impressionado por um de seus roteiros, propôs a cena de abertura: um telefone tocando no deserto, um carro potente chegando e Holloway atendendo a chamada. “Adorei a ideia, sou fã dele desde ‘Lost'”, diz. “Batemos papo por uma hora e meia, e J.J. sugeriu trabalharmos juntos. Foi como jazz — ele dava uma nota, eu respondia com outra, e a sintonia era perfeita.”
Em um cenário atual de séries densas, “Duster” se destaca como uma ode descontraída aos thrillers dos anos 1970, repleta de tiradas afiadas, perseguições e vilões de botas de cowboy. Morgan vê nisso um sinal: “O público quer originalidade, e os clássicos estão voltando. Tudo é cíclico — como ‘The Pitt’, que remete a ‘ER’, e nossa série, que bebe de ‘Starsky & Hutch’.”
Holloway concorda: “Muitas produções hoje, por mais brilhantes que sejam, deixam aquele peso emocional. Nosso show tem a nostalgia dos anos 1970. Coisas ruins acontecem, mas a vibe é leve.” Ele elogia ainda a dinâmica com Rachel Hilson: “Seu personagem enfrenta o preconceito de cabeça erguida. Nossos personagens se equilibram — ela me puxa para um lado, eu a puxo para outro. É uma relação de confiança mútua.”
Outro destaque para o ator foi a chance de realizar suas próprias cenas de ação como o motorista Jim. Ele fez curso de dublê e se tornou um motorista certificado. “O coordenador Troy Brown acreditou mais em mim do que eu mesmo. Deixou eu treinar e executar as cenas. O carro é um personagem — se o motorista de fuga não dirige bem, não tem graça.”
E uma segunda temporada? “Com certeza”, afirma Morgan. “Já temos planos e conversamos com o estúdio. Esperamos que o público assista para que possamos continuar.” Holloway brinca: “E eu quero voltar à escola de dublês para aperfeiçoar mais manobras.”
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Este artigo foi inspirado no original disponível em variety.com