Kristen Stewart está definitivamente provando seu talento. A estrela de Spencer, indicada ao Oscar, agora assume o controle atrás das câmeras ao escrever e dirigir The Chronology of Water, que estreou na seção Un Certain Regard do Festival de Cannes 2025. Um retrato cru de dor, renascimento e redenção, o filme pulsa com a habilidade natural de Stewart como cineasta. E ainda conta com dois veteranos em performances raras: Jim Belushi e Thora Birch.
Baseado na memória de Lidia Yuknavitch, o longa narra sua jornada de nadadora campeã a viciada e, finalmente, escritora. A estreia de Stewart na direção tem um toque avant-garde, misturando a crueza de The Basketball Diaries, o lirismo de Terrence Malick e a contenção cool de Jim Jarmusch, tudo permeado por uma rebeldia visceral. A narrativa, construída sob uma perspectiva feminina, não tem medo de explorar a volatilidade da experiência humana, a sacralidade do corpo ou a beleza brutal da sobrevivência. E, apesar do estrelato de Stewart em Crepúsculo, foram necessários 19 produtores para levar esse projeto adiante. Um verdadeiro diamante à espera de um distribuidor corajoso.
No centro do filme está Imogen Poots, que explode na tela como Lidia — uma mulher marcada pelo abuso, pela natação, pela literatura e por perdas inimagináveis. Mas são Belushi e Birch que dão peso à trama sobre trauma geracional, mesmo com pouco tempo de tela. Belushi, conhecido por comédias familiares, surpreende como o escritor Ken Kesey, um homem consumido pela dor e pela genialidade. Seu desempenho é hipnótico: intoxicante, tóxico, inesquecível. Birch, por sua vez, brilha como a irmã mais velha de Lidia, trazendo uma resiliência cansada que não pede pena, apenas reconhecimento. Uma atuação que merece ser celebrada.
Stewart se junta a uma linhagem de atores que se destacaram como diretores em suas estreias — como Sean Penn, Ben Affleck e Jodie Foster. Mas a Academia costuma ser resistente a novatos. Será que ela será vista como uma cineasta de verdade, e não apenas uma curiosidade de festival? The Chronology of Water não é um filme fácil, mas é necessário. Como Lidia nadando através do inferno para reescrever sua própria história, Stewart afirma sua voz como uma autora que veio para ficar. Distribuidores, tomem nota.
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Este artigo foi inspirado no original disponível em variety.com