Nunca encontramos um ano como este, repleto de novas experiências cooperativas. Desde grandes sucessos de editoras conhecidas, como Split Fiction e Grounded 2, até os amados títulos independentes como REPO e Peak, tem havido não apenas uma quantidade considerável de jogos voltados para o co-op, mas também uma variedade de direções emocionantes que eles tomaram.

No entanto, senti falta de algo específico e imagino que outros pais possam se identificar: é difícil encontrar jogos que possam ser jogados com os meus filhos. Por isso, fico contente que Lego Voyagers esteja prestes a ser lançado.

Split Fiction, por exemplo, pode ser visto como o melhor jogo cooperativo do ano e, de forma mais ampla, um potencial candidato a Jogo do Ano, assim como foi It Takes Two. Contudo, os jogos cooperativos da Hazelight não são feitos para mãos pequenas ou menos experientes. Seus desafios e sequências de ação exigem muito dos jogadores, a ponto de eu não conseguir jogar com meu filho de seis anos, que, embora seja um gamer experiente, ainda acha esses jogos um pouco caóticos para lidar. Por outro lado, há jogos como REPO, que envolve a recuperação de bens em locais infestados de monstros, e Peak, onde escoteiros escalam montanhas para buscar ajuda após um acidente aéreo, embora muitas vezes caiam em situações cômicas. Apesar de eu lidar bem com os temas e visuais mais maduros desses jogos e jogá-los frequentemente com meu filho mais velho, eles ainda podem ser desafiadores demais para meu mais novo, especialmente se considerar a ansiedade que a jogabilidade pode causar.

Felizmente, Lego Voyagers não me deixa com essas preocupações como pai em busca de uma nova experiência de interação. De fato, o que presenciei em uma demonstração recentíssima foi um ambiente de jogo descontraído e criativo, repleto de desafios de plataforma que pareceram acessíveis a praticamente qualquer um.

Substituindo meus filhos na demonstração programada, meu colega, Jason Fanelli, se saiu muito bem no papel de meu “filho proxy”. Em Lego Voyagers, cada um de nós assumiu a forma de um pequeno bloco de Lego com um adesivo de olho. Seu personagem vermelho e o meu azul exploraram um mundo que remete ao aclamado jogo Lego Builder’s Journey, da Light Brick Studio. A nossa jornada era em um cenário repleto de peças que se assemelhavam a uma trilha na natureza. Em pouco tempo, encontramos um playground de Lego, onde algumas invenções nos apresentaram os sistemas físicos do mundo, e logo uma missão de lançamento de foguete nos levou a explorar ainda mais.

O ambiente era constituído por uma série de micro-conjuntos interconectados, e a nossa missão era completar essas dioramas com nossa criatividade. Em cada seção, havia tijolos de Lego de diferentes formatos, tamanhos e cores disponíveis para resolver o problema apresentado. Uma das primeiras tarefas era atravessar uma fenda sobre a água. Naturalmente, precisávamos de uma ponte, e Jason e eu colaboramos para construí-la. Não havia cronômetro nem inimigos à vista; éramos apenas nós, alguns tijolos soltos e o desafio à nossa frente. Isso me fez lembrar a sensação familiar de espalhar um monte de peças de Lego em uma mesa e ver o que eu e meus filhos conseguiríamos criar, sem um manual de instruções.

Uma ponte é algo simples — e não posso negar que levamos alguns minutos para nos acostumar com os controles de construção — mas as seções subsequentes exigiam um pouco mais de raciocínio. No entanto, a estratégia e os comandos necessários para ter sucesso nunca foram tão complexos a ponto de jogadores em potencial ficarem para trás devido à diferença de habilidades, pelo menos até o que joguei até agora. A impressão que tive foi de que essa foi uma escolha intencional, algo que espero estar presente em todo o jogo.

Para exemplificar os tipos de desafios que você encontrará, um momento marcante foi quando precisávamos juntar várias peças cilíndricas soltas para criar uma estrutura alta. Com cada um de nós segurando uma extremidade, podíamos escalar o terreno, balançando até cada passo natural, semelhante a um Slinky rígido. Foi muito satisfatório, e embora eu tenha certeza de que essa era a solução prevista, a física do jogo fez com que a resposta ainda se sentisse imprecisa e experimental, de uma forma que se relaciona bem com a essência do Lego.

Assim como os jogos mencionados da Hazelight, Lego Voyagers deve ser jogado em cooperação. Não há modo solo, e isso faz todo o sentido. A estética do jogo foi construída para criar uma experiência acolhedora, ideal para duas pessoas colaborarem e apreciarem a companhia mútua, complementada por uma trilha sonora suave de música lo-fi que adorei instantaneamente.

No geral, o jogo me lembrou da diferença entre um filme do Studio Ghibli voltado para crianças e algo como A Minions Movie. O primeiro equilibra a fantasia juvenil com uma narrativa madura, confiando em seu público mais jovem para compreender e deixando espaço para seu mundo respirar. O segundo, por sua vez, parece um grande comercial para um cereal açucarado que nenhum “café da manhã equilibrado” realmente pede. Certamente há momentos para cada tipo de experiência, mas realmente apreciei como a Light Brick Studio procurou proporcionar um ambiente mais propício para uma brincadeira relaxante e criativa.

Crescendo com Lego, sempre percebi algo de meditativo no processo de construção; seguir suas instruções numeradas pode levar uma pessoa a um estado de fluxo, enquanto delicadamente posiciona cada tijolo em seu devido lugar. Jogar Lego Voyagers me trouxe de volta essa sensação tão familiar que nunca deixei para trás, e estou animado para que meus filhos possam desfrutá-lo comigo, assim como quando decoramos a mesa da sala de jantar com centenas de coloridos tijolos de brinquedo.

LEGO Voyagers será lançado para PC, PS5, PS4, Xbox Series X|S e Nintendo Switch no dia 15 de setembro.