A Supermassive Games já se estabeleceu como uma das narradoras mais reconhecidas no gênero de terror interativo. Desde o lançamento de Until Dawn, há uma década, foram introduzidos mais de seis jogos semelhantes que exploram diferentes criaturas. O mais recente, intitulado Directive 8020, é parte da série antológica The Dark Pictures e leva os jogadores a explorar novas fronteiras no espaço.

Alien é uma das principais referências, sendo o filme que realmente demonstrou o quão aterrorizante o espaço pode ser. O jogador assume o papel de membros da tripulação a bordo da nave Casseopeia, que está prestes a acordar do sono criogênico. Há até uma pitada de 2001: Uma Odisseia no Espaço, devido à presença de um supercomputador falante chamado Oracle, embora, ao jogar o primeiro episódio, não perceba motivos suficientes para desconfiar. A grande ameaça, na verdade, é um meteorito que danificou o casco da nave e trouxe a bordo uma substância alienígena que pode imitar a aparência da tripulação. Essencialmente, isso é como The Thing, mas no espaço.

Isso, sem dúvida, gerará uma atmosfera de paranóia entre os membros da tripulação, pois surgem questões sobre quem é ou não humano. Até o momento, a nave possui apenas dois membros da equipe acordados, Tomas Carter e Sims. Portanto, quando Sims começa a agir de forma agressivamente assassina, fica claro que algo está muito errado.

A fórmula dos jogos de terror interativo da Supermassive geralmente envolve escolhas e reações a eventos de rapidez, com alguns momentos estranhos de controle de personagem em terceira pessoa. Contudo, como existem situações em que os jogadores são caçados, o diretor criativo Will Doyle explica que o sistema de controle do Directive 8020 precisava ser completamente revisado em relação aos títulos anteriores de The Dark Pictures.

“O modo como os personagens se movem e como a câmera funciona foi reconstruído do zero para apoiar a jogabilidade furtiva que implementamos”, diz ele. “Temos ameaças reais em tempo real, que vão atrás de você e podem matar. Portanto, essa reformulação completa é nova para este jogo.”

Paralelamente, um formato mais tradicional de aventura em terceira pessoa permite maior exploração e resolução de quebra-cabeças. O jogador pode utilizar uma lanterna para se guiar pelos corredores escuros e assustadores da nave, além de ter um scanner para interagir com certos objetos. No entanto, não estou totalmente convencido de que essas seções de jogabilidade serão agradáveis; ao jogar um jogo de terror cinematográfico, andar lentamente e lidar com interações triviais parece um pouco maçante, como algo que um bom editor de filmes jogaria fora. O fato de que a versão que joguei tinha alguns momentos estranhos, em que o comando não aparecia quando você estava muito próximo de um objeto, também não ajudou, um bug que a equipe já havia me alertado.

No entanto, Doyle afirma que isso faz parte da filosofia de design do jogo. “Muitos jogos de ação e aventura tradicionais possuem ciclos de design em que você coleta munição, e para nós, a história é a recompensa nesses ciclos”, explica. “Temos várias coisas escondidas pelo mundo, que avançam a narrativa constantemente. Portanto, nas seções de descoberta, onde você controla seu personagem e evita ameaças, você também revela partes desse mistério, impulsionando a história.”

Contudo, o novo recurso que mais me intriga são os Turning Points, que essencialmente desmembram cada decisão narrativa em um marco que pode ser registrado em uma tela de menu e revisitado. Em jogos anteriores, quando uma decisão era tomada ou um personagem morria, a história seguia em frente e não havia como desfazer isso. Embora esse modo de jogar ainda exista no modo Survivor para aqueles que desejam ser impactados por suas decisões, fiquei me perguntando se a possibilidade de retroceder foi implementada devido ao maior controle direto do personagem, o que pode levar a erros mais frustrantes, especialmente para um público casual não habituado a jogar com um controle.

Doyle recorda que alguns jogadores dos jogos anteriores do estúdio interromperam a jogatina quando um personagem favorito morria, por não se sentirem motivados a tentar novamente. Embora ele admita que os Turning Points aliviam essa frustração e tornam o jogo mais acessível para quem se preocupa com seu nível de habilidade, afirma que o recurso realmente serve para enriquecer a experiência dos jogadores focados na narrativa. Além disso, uma variedade de configurações de acessibilidade permite que o AI inimigo seja reduzido a um passeio fantasma, onde podem ser assustadores, mas nunca vão te capturar ou matar.

“[Turning Points são] um sistema de salvamento, mas dentro de cada marco individual, você pode voltar a personagens que estão vivos ou mortos com base nas decisões tomadas”, explica. “Se você retroceder a um ponto de decisão, pode explorar caminhos diferentes. Você pode passar por qualquer lugar que já visitou na história. Assim, quando vê a árvore [narrativa], pode explorar até o final.” Queremos que as pessoas joguem do seu jeito.”

Portanto, em vez de um recurso de retrocesso, como o poder de Max em Life Is Strange, é mais adequado pensar nos Turning Points como um sistema de viagem rápida em um jogo narrativo, proporcionando uma forma mais elegante de explorar diferentes caminhos de decisões do que repetir salvamentos.

“Você pode retroceder até onde quiser, então, mesmo no final do jogo, posso retornar a qualquer ponto”, adiciona Doyle, e é aqui que o sistema parece beneficiar tanto os completistas, que desejam descobrir todos os segredos e conteúdos do jogo, quanto aqueles que não querem ter que reiniciar do começo. Pense nisso como ter a capacidade de pular para qualquer capítulo de um DVD, mas de uma maneira muito mais interativa. “Para os caçadores de troféus, ainda há um desafio em ver tudo, mas os Turning Points permitem que você volte rapidamente para onde precisa ir para fazer essas alterações. E essa é meio que a mágica do que fazemos.”

Directive 8020 será lançado para PC, PlayStation 5 e Xbox Series X|S em 2026.