O Novo, localizado no centro de Los Angeles, é há tempos reconhecido pelos moradores como um palco onde artistas musicais emergentes podem deixar sua marca. Com uma estrutura que não é exagerada nem pequena demais, o clube interno se transformou em um portal de opulência na noite de sábado para uma única pessoa: a cantora e compositora argentina Nathy Peluso, que aproveitou ao máximo o espaço e, claramente, exigiu ainda mais dele. Em um show de quase duas horas, Peluso transitou com maestria entre gêneros musicais, sem medo de misturas: baladas emocionantes, raps afiados e sequências de salsa com elementos de funk brasileiro, EDM e bachata espalhados por toda a apresentação.
O repertório refletiu o melhor de seu catálogo, mas destacou especialmente “Grasa”, o álbum de 16 faixas de Peluso que conquistou três Latin Grammys no ano passado, incluindo prêmios de melhor canção alternativa (por “El Día Que Perdí Mi Juventud”), melhor canção de rap e hip-hop (“Aprender a Amar”) e melhor vídeo de longa duração (“Grasa”). Continuando a celebração, Peluso embarcou em uma turnê pela Europa e em suas primeiras apresentações nos Estados Unidos. Considerando que o show de sábado foi apenas a segunda vez que ela se apresentou na cidade, além de ser o encerramento dessa turnê, os fãs de Los Angeles estavam mais do que preparados.
As áreas gerais do local, compostas por um público diversificado de todas as idades e origens (já que Peluso canta em espanhol, inglês e italiano), se transformaram em pistas de dança. Os espectadores imitavam cada movimento da artista, que desfilava pelo palco durante as partes de salsa de músicas como “Mafiosa”, “Puro Veneno” e “La Presa”, esta última com uma entrega teatral em que Peluso chamava a polícia e dançava contra uma gaiola improvisada.
Peluso alterna esses momentos intensos com transições emocionais. De repente, ela está no chão, seu corpo curvado sobre os degraus carpetados do palco. E, durante todo o tempo, sua voz nunca vacila – seu vibrato é tão doce e robusto no chão quanto quando está de pé, e não treme nem mesmo quando seus quadris balançam ao som de “Erotika”, uma salsa luxuosa e erótica que remete aos clássicos dos anos 90.
Peluso não precisou de dançarinos de apoio ou de truques elaborados para tornar o show grandioso. Na verdade, o tempo mais longo que ela ficou fora do palco foi menos de um minuto. Nessas situações, é fácil perceber a relação que um artista tem com a música ou a narrativa que está apresentando. Para Peluso, que canta, dança e atua com uma confiança palpável, parece que ela está completamente imersa em um mundo colorido de sua própria criação e se alegra em nos ter como espectadores.
Enquanto a audiência recuperava o fôlego, Peluso permaneceu incrivelmente serena e descreveu a turnê como “um filme – tudo tem sido como um filme”, concluiu. “Minha história ainda é curta, mas obrigada por estarem aqui comigo agora.”
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Este artigo foi inspirado no original disponível em variety.com