Palácios suntuosos, intrigas pelo poder e um príncipe que parece ter alergia a camisas — a nova série da Netflix, “The Royals”, leva ao mundo a fascinante e fictícia aristocracia indiana. A produção, que estreou globalmente, mistura comédia romântica e drama contemporâneo, ambientado no decadente reino de Morpur, uma criação imaginária que reflete a grandiosidade e os conflitos das antigas famílias reais da Índia.
Criada por Rangita Pritish Nandy e Ishita Pritish Nandy, da Pritish Nandy Communications (PNC), a série traz Ishaan Khatter como Aviraaj Singh, um príncipe moderno e relutante, mais interessado em polo do que em protocolos, e Bhumi Pednekar como Sophia Kanmani Shekhar, uma CEO determinada e ambiciosa. A trama gira em torno do choque entre tradição e modernidade, explorando a tensão entre a realeza decadente e o empreendedorismo contemporâneo.
“Na prática, a realeza indiana não existe mais — foi abolida em 1950, quando o país se tornou uma república”, explica Rangita. “Mas ainda há palácios, riqueza e uma aura de luxo… só que, ao contrário de outras partes do mundo, não temos uma monarquia ativa na Índia.” Apesar disso, muitas dessas famílias mantiveram privilégios até 1971, quando o governo cortou de vez os chamados privy purses (verbas reais). Hoje, vários palácios se transformaram em hotéis de luxo.
A série acompanha a improvável parceria entre Aviraaj e Sophia, que se unem para transformar um palácio em crise em um luxuoso bed and breakfast. No caminho, egos se chocam, conflitos surgem e, claro, um romance improvável começa a florescer. “O que diferencia ‘The Royals’ de outras comédias românticas é que colocamos o romance em um mundo vibrante, cheio de disfunções — tanto na família quanto no ambiente de trabalho”, diz Nandy. “Isso cria uma dinâmica que tanto afasta quanto aproxima os protagonistas.”
Para Bhumi Pednekar, o papel de Sophia foi uma mudança de rumo em sua carreira. “Ela sempre brilhou em certos tipos de personagens, mas aqui assumiu um tom totalmente novo”, comenta Nandy. A personagem segue a linha das protagonistas marcantes que viraram marca da PNC, como as da aclamada série “Four More Shots Please!”, também criada por Nandy. “Nunca pedimos desculpas por nossas mulheres. Elas podem errar, tropeçar, mas encontram seu caminho de forma orgânica.”
A química entre Ishaan e Bhumi foi um dos trunfos da produção. “Eles são yin e yang, dois alfas que se completam”, revela Nandy. Ishaan, que recentemente estrelou a série americana “The Perfect Couple”, já estava no radar do elenco desde o início, enquanto Bhumi foi uma indicação da Netflix. “Quando a conheci, soube na hora: ela era perfeita para o papel.”
E para quem ficou curioso com as cenas do príncipe sem camisa no trailer, Nandy brinca: “É vergonhoso admitir, mas ele aparece bastante assim… e duvido que alguém vá reclamar”.
O elenco ainda conta com nomes lendários como Zeenat Aman, além de Sakshi Tanwar, Nora Fatehi, Dino Morea, Milind Soman e outros talentos. Sobre o cenário das séries indianas em plataformas globais, Nandy defende a autenticidade cultural: “Precisamos colocar a Índia no centro das nossas histórias, sem copiar o Ocidente. É isso que faz ‘The Royals’ se destacar — falamos de uma realeza que, tecnicamente, não existe mais.”
A produção, dirigida por Priyanka Ghose e Nupur Asthana, levou um ano e meio para ser escrita. “Queremos personagens memoráveis, que o público queira receber em casa de novo — só assim justifica uma segunda temporada”, diz Nandy. Essa atenção aos detalhes dos personagens é o que atrai grandes atores para a PNC. “Eles adoram nossos projetos porque há profundidade e diversão nas histórias.”
E quanto ao futuro? “Ainda vou morar nos palácios da Índia — literal ou figurativamente”, ri Nandy. “Há tantas histórias incríveis aqui que ainda não foram contadas. Precisamos parar de correr para o exterior e explorar nosso próprio quintal.”
“The Royals” já está disponível na Netflix em todo o mundo.
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Este artigo foi inspirado no original disponível em variety.com