Ted Sarandos: Trump Não Sugeriu Documentário Sobre Melania e Defende Dave Chappelle

Ted Sarandos, co-CEO de Netflix, se reuniu com Donald Trump em dezembro no clube Mar-a-Lago. Embora tenha sido a primeira vez que os dois se encontraram, Sarandos disse que não discutiram negócios.
Ted Sarandos, co-CEO da Netflix, encontrou-se com Donald Trump em dezembro no complexo de Mar-a-Lago, na Flórida, residência do então presidente eleito. No entanto, segundo Sarandos, a conversa não girou em torno de negócios. Em um evento no Paley Center for Media em Nova York, ele revelou que era a primeira vez que conhecia Trump pessoalmente. “Jantamos por um bom tempo, foi agradável”, comentou. Questionado pelo entrevistador Ben Smith, editor-chefe da Semafor, se Trump tentou vender os direitos do documentário sobre Melania, sua terceira esposa – adquirido pela Amazon –, Sarandos respondeu negativamente. “Ele mencionou que Melania e Barron, seu filho, são grandes fãs da Netflix”, disse.
Smith também perguntou se a Amazon havia “pago caro demais” pelo documentário de Melania, que teria custado US$ 40 milhões. Sarandos, no entanto, afirmou não ter opinião formada: “Não vi o material”. A conversa ocorreu um dia após a saída de Jennifer Salke, chefe da Amazon MGM Studios. Questionado sobre os problemas da concorrente, Sarandos foi direto: “Não acompanho muito o que eles fazem”. Ele explicou que está focado na Netflix e evitou soar arrogante: “Se você ficar olhando para o concorrente, vai tropeçar”.
Sobre uma possível mudança na estratégia de conteúdo com um eventual segundo mandato de Trump, Sarandos foi enfático: “Seguiremos exatamente a mesma linha”. Quanto ao filme “The Apprentice”, recusado por várias distribuidoras, ele elogiou a produção, mas destacou que a decisão de aquisição sempre considera “custo versus audiência potencial”.
O executivo também defendeu suas parcerias controversas, como os especiais de Dave Chappelle e Tony Hinchcliffe, alvos de críticas por comentários considerados ofensivos. Para Sarandos, a liberdade de expressão é fundamental: “Comédia é uma arte que depende do público. Se 18 mil pessoas riem, não dá para dizer que não é engraçado – mesmo que alguém se ofenda”. Ele comparou Chappelle a lendas como Lenny Bruce e George Carlin, afirmando que “ele está entre os maiores comediantes de todos os tempos”.
Com 25 anos na Netflix, Sarandos relembrou momentos marcantes, como a transição do DVD para o streaming – quando a equipe de DVDs foi “excluída das reuniões” – e reiterou que não tem interesse em assumir a Disney ou em direitos esportivos anuais, focando apenas em eventos especiais, como os jogos da NFL no Natal. Sobre o filme “Emilia Pérez”, polêmico por tuites racistas da protagonista, ele admitiu: “Se pudesse voltar atrás, fecharia o acordo. É visualmente incrível e ousado”.
A Netflix vive um momento de alta, com resultados impressionantes no quarto trimestre de 2024: 18,9 milhões de novos assinantes (o dobro do esperado) e previsão de receita entre US$ 43,5 bilhões e US$ 44,5 bilhões em 2025. Sarandos deixa claro: a empresa não planeja sair do topo tão cedo.
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Este artigo foi inspirado no original disponível em variety.com