Filme “O Agente Secreto” de Kleber Mendonça Filho Ganha Prêmio Fipresci em Cannes

Reafirmando o lugar do Brasil como país homenageado no Festival de Cannes deste ano, “O Agente Secreto”, de Kleber Mendonça Filho, conquistou o Prêmio Fipresci na categoria Competição Oficial, concedido pela Federação Internacional de Críticos de Cinema. Ambientado no Brasil durante a ditadura militar em 1977 e estrelado por Wagner Moura (de “Narcos” e “Ladrões”), o filme mergulha em temas como repressão política, moralidade e resistência. Mendonça Filho, conhecido por obras anteriores como “Aquarius” e “Bacurau” — ambas exibidas na competição principal de Cannes —, continua sua exploração do cenário sociopolítico brasileiro com uma narrativa elogiada por sua profundidade e ambição.

Peter Debruge, da Variety, descreveu “O Agente Secreto” como um “thriller fantástico dos anos 70” e um “drama de época deslumbrante”. O júri da Fipresci justificou sua escolha: “Elegemos um filme com generosidade novelesca e épica, que permite digressões, humor e personagens ricos para evocar uma época e uma história perturbadora de corrupção e opressão. Uma obra que cria suas próprias regras, pessoal e universal, imergindo o espectador no Brasil da ditadura militar em 1977 e no mundo de pessoas boas em tempos sombrios.”

Com quase três horas de duração, “O Agente Secreto” é uma coprodução multinacional envolvendo Brasil, França, Alemanha e Holanda. A MK2 Films cuida das vendas internacionais, e a Neon adquiriu os direitos de distribuição na América do Norte.

Outro destaque da Fipresci foi “Urchin”, estreia na direção do ator Harris Dickinson, exibido na seção Un Certain Regard. Dickinson, indicado ao BAFTA por “Babygirl” e “Triângulo da Tristeza”, apresenta um estudo de personagem intenso sobre Mike, um homem em situação de rua que enfrenta o vício. A crítica elogiou o realismo visceral e a profundidade emocional da obra. O júri destacou: “Um retrato poderoso do ciclo de autodestruição, tratado com empatia genuína.”

Na Semana da Crítica e outras mostras paralelas, o júri concedeu reconhecimento especial ao longa de animação “A Jornada do Dente-de-Leão”, da diretora Momoko Seto. A produção franco-belga, distribuída pela Indie Sales, mistura narrativa experimental e animação inovadora. O júri ressaltou: “Em tempos difíceis, buscamos filmes que resgatam a essência emocional do cinema. Premiamos esta obra por sua técnica única e mensagem universal sobre amor e resistência.”

O júri da Fipresci em Cannes foi presidido pelo crítico australiano C.J. Johnson e incluiu membros de diversos países. Os prêmios foram anunciados horas antes da cerimônia principal do festival, onde “O Agente Secreto” concorre à Palma de Ouro.


Este artigo foi inspirado no original disponível em variety.com

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