Broadway: Sucesso de Abertura e Perseguição em “Sunset Blvd”

Para o experiente diretor de teatro Jamie Lloyd, incluir créditos iniciais em sua nova versão da Broadway de “Sunset Boulevard” — mais uma camada metalinguística para “brincar com os níveis da realidade” — nunca esteve nos planos. A ideia surgiu de repente, durante o desenvolvimento da montagem londrina. “Foi no teatro, vendo a imagem de Joe na tela, que tudo fez sentido”, conta Lloyd em entrevista à Variety por Zoom, refletindo sobre a evolução do musical.

A cena em questão começa quando Joe Gillis (Tom Francis), o protagonista em crise, vive um “ato de desespero”: perseguido por cobradores, ele acaba parando na mansão decadente de Norma Desmond (Nicole Scherzinger). É quando a música icônica de Andrew Lloyd Webber explode, sincronizada com os créditos. “Precisávamos de algo visual à altura da grandiosidade da trilha”, explica Lloyd. O designer Soutra Gilmour criou uma tela inclinada para a plateia, tornando a experiência mais imersiva e impactante.

O público nem percebe, mas o espetáculo começa em um palco vazio. A revelação da tela marca o momento crucial da frustração de Joe, cujo rosto é projetado enquanto ele segura uma câmera acoplada a um volante. “Dramaturgicamente, intensificamos seu desespero. Ele não está apenas amargurado — está no limite”, destaca Lloyd. A equipe criou um estúdio funcional nos bastidores para capturar imagens ao vivo, sem elementos decorativos. “Fazer isso todas as noites é um feito técnico incrível”, celebra.

A produção explora os limites entre realidade e ficção, com referências até ao passado de Scherzinger no The Pussycat Dolls. “Sabemos que estamos no teatro, assistindo a atores interpretando. Mas onde termina Nicole e começa Norma Desmond?”, provoca Lloyd. Essa dualidade aparece também no número ao vivo do segundo ato, em que Joe canta pelas ruas de Nova York. A câmera, operada pela atriz Shayna McPherson, ganha vida própria: “Ela captura a essência da cena, até em imprevistos como multidões saindo de Hell’s Kitchen“, elogia o diretor.

Com quatro rotas alternativas para lidar com clima ou emergências, a equipe de 62 pessoas mantém a sincronia perfeita. A rota principal passa por Shubert Alley, mas já usaram Times Square em algumas noites. O “Plano D”, totalmente dentro do teatro, nunca foi acionado. “É uma colaboração incrível. Todo mundo trabalha unido, e a sensação de ‘conseguimos!’ é eletrizante”, finaliza Lloyd.


Este artigo foi inspirado no original disponível em variety.com

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