CANNES — A edição deste ano do festival Canneseries começou com um clima agradável e uma novidade: pela primeira vez, o evento aconteceu de forma independente, sem a presença paralela do MipTV ou Mipcom, que costumavam atrair um grande número de compradores para a região. Albin Lewi, diretor artístico do Canneseries, destacou que o foco não está nos compradores presenciais, mas no buzz e no word of mouth. “A seleção em si já gera impacto, mesmo que os compradores não estejam aqui fisicamente”, afirmou. Ele também ressaltou que muitos participantes da indústria desempenham múltiplos papéis e que todas as séries contam com distribuidores internacionais. Para compensar a ausência de compradores, o festival expandiu ou criou os Producers, Writers e Composers Clubs, reunindo dezenas de profissionais. Mas será que a estratégia deu certo? Aqui estão 10 destaques desta edição renovada, realizada entre 24 e 29 de abril:
“Duster” Brilha em Cannes
A grande atração americana do festival foi “Duster”, da Max, criada por J.J. Abrams e LaToya Morgan. Exibida no icônico Palais des Festivals, a série foi considerada por Lewi como “a melhor exibição da história do Canneseries”. O público ficou extasiado com a recriação dos anos 1970 e a mistura de ação, humor e temas sensíveis, como racismo e luto. O jornal francês Le Parisien deu quatro de cinco estrelas, e a Variety destacou uma entrevista animada com Josh Holloway e LaToya Morgan.
“The Walking Dead: Dead City” — Jeffrey Dean Morgan Rouba a Cena
A franquia “The Walking Dead” continua sendo um fenômeno na Europa, e Jeffrey Dean Morgan, que interpreta Negan, foi um dos grandes destaques. Ele deixou suas marcas na Calçada da Fama de Cannes e cativou o público. A segunda temporada, que estreia em maio na França, foi elogiada por elevar as apostas e o engajamento.
Nicola Coughlan, de “Bridgerton”, Mostra Seu Poder de Atração
A estrela irlandesa reuniu uma multidão no Palais, com fãs adolescentes lotando o auditório para ouvi-la falar sobre ativismo, “Bridgerton” e seu recente indicado ao BAFTA, “Bad Mood”. Coughlan recebeu o Prêmio de Comprometimento da Konbini, consolidando sua popularidade.
Séries em Destaque
Entre as produções francesas, “The Corsican Line” (Canal+) chamou atenção como um thriller mafioso ambientado na Córsega. Outros destaques foram “Dead End”, de Malin-Sarah Gozin, e “Reykjavik Fusion”, com Ólafur Darri Ólafsson (“Severance”). A docusérie “Hello Stranger” e a curta-metragem juvenil “N00b” também receberam elogios.
Noruega Domina os Prêmios
No encerramento, a Noruega levou os principais prêmios: “A Better Man” venceu como Melhor Série e Melhor Atuação (Anders Baasmo), enquanto “Nepobaby” ganhou Melhor Roteiro e um prêmio especial pelo elenco. “The Agent – The Life and Lies of My Father” foi eleito Melhor Documentário. As produções norueguesas mostraram equilíbrio entre entretenimento e temas relevantes.
Negócios em Canneseries
O festival provou seu valor comercial, com vários títulos da competição principal sendo adquiridos antes ou durante o evento. “Dead End” e “A Better Man” já tinham distribuição internacional, enquanto “Reykjavik Fusion” fechou pré-vendas. Apesar do formato mais intimista, distribuidores elogiaram a organização e a oportunidade de networking.
Tendências da Indústria: Co-produções e Modelos Flexíveis
O festival refletiu mudanças no mercado, com um aumento nas co-produções europeias e modelos de distribuição mais flexíveis. Erik Barmack, da Wild Sheep Content, destacou que as séries escandinavas estão retomando um formato colaborativo, enquanto outros executivos enfatizaram a importância de parcerias regionais.
Os EUA de Olho na Europa
Produtores americanos estão buscando novas oportunidades no continente, especialmente com a retração das plataformas globais. David W. Zucker, da Scott Free, afirmou que há espaço para parcerias criativas, enquanto Sharon Hughff destacou a importância de entender mercados locais, como o francês.
Principais Negócios Fechados
- Banijay relançará “Wallander” com Gustaf Skarsgård.
- Bad Wolf (Jane Tranter) anunciou nova série para Apple TV+ baseada em “Berlin Noir”.
- Mediawan fechou licenças para “The Count of Monte Cristo” em vários países.
- Federation Studios adquiriu direitos internacionais de “Dead End”.
- Wild Bunch TV apostou em “The Clan Olimpia” e “Single Bells”.
O Canneseries confirmou sua relevância como um evento essencial para a indústria, mesmo em um cenário em transformação. Como resumiu Helene Aurø, da REinvent: “Precisamos de um mercado na primavera”.
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Este artigo foi inspirado no original disponível em variety.com