Mais de 200 anos após a publicação de “Frankenstein”, Mary Shelley nunca esteve tão em alta. O icônico personagem criado pela romancista gótica — metade homem, metade fera, totalmente monstro — estará em destaque em dois filmes de grandes diretores que chegarão aos cinemas com poucos meses de diferença.
O primeiro, intitulado “Frankenstein”, é assinado por Guillermo del Toro, mestre do macabro conhecido por obras como “A Forma da Água” e “Crimson Peak”. O filme estreia na Netflix em novembro e conta com Mia Goth e Oscar Isaac no elenco. Já o segundo, “The Bride”, será dirigido por Maggie Gyllenhaal, que segue seu aclamado debut na direção com “A Filha Perdida” para comandar um filme de criaturas inspirado em “A Noiva de Frankenstein”. Com um orçamento de US$ 90 milhões, o longa da Warner Bros. chegará aos cinemas em 6 de março de 2026, estrelado por Jessie Buckley e Christian Bale como o casal de mortos-vivos. Originalmente, o filme estava programado para estrear em 26 de setembro de 2025, mas o estúdio decidiu adiar a data para distanciá-lo da versão de del Toro.
Não é incomum que filmes com temas semelhantes sejam lançados quase simultaneamente. Nos anos 1980, “Ligações Perigosas” e “Valmont” adaptaram o mesmo romance francês do século XVIII sobre jogos de poder e sedução. Já nos anos 1990, vimos filmes gêmeos sobre vulcões (“Dante’s Peak” e “Vulcão”), asteroides (“Impacto Profundo” e “Armageddon”) e dançarinas exóticas (“Showgirls” e “Striptease”) estrearem com poucos meses de diferença. Mais recentemente, em 2012, dois filmes sobre a mais bela de todas — “Branca de Neve e o Caçador” e “Espelho, Espelho Meu” — dividiram as telonas.
O súbito interesse por tudo relacionado a Frankenstein surge após um período de escassez de adaptações da obra de Shelley. Embora o personagem tenha sido central nos filmes de monstros da Universal nos anos 1930, as tentativas modernas de revivê-lo não tiveram muito sucesso. Tanto “Frankenstein de Mary Shelley” (1994), com Kenneth Branagh e Robert De Niro, quanto “Victor Frankenstein” (2015), estrelado por Daniel Radcliffe e James McAvoy, foram mal recebidos pela crítica e pelo público. Houve ainda uma tentativa recente — e abandonada — de trazer Frankenstein de volta como parte do “Dark Universe” da Universal, uma série de filmes interconectados que teria Javier Bardem como a criatura. O projeto foi cancelado após o fracasso de “A Múmia” (2017), estrelada por Tom Cruise, que deveria inaugurar o universo.
Claramente, Netflix e Warner Bros. acreditam que del Toro e Gyllenhaal podem ter sucesso onde outros filmes falharam. E, embora os dois filmes compartilhem a mesma origem, é provável que sejam bem diferentes entre si. “Ambos são cineastas distintos com visões únicas”, afirma Shawn Robbins, diretor de análise de filmes da Fandango. “Os filmes inevitavelmente serão comparados por se basearem no mesmo material, mas acredito que serão como comparar maçãs e laranjas.”
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Este artigo foi inspirado no original disponível em variety.com