“Black Warrant”, a série de sucesso da Netflix que permanece no Top 10 da plataforma na Índia quase três meses após sua estreia, foi o tema central de um painel no Cinevesture International Film Festival, em Chandigarh, na Índia. O debate contou com a presença do criador e showrunner Vikramaditya Motwane, do produtor Sameer Nair, da Applause Entertainment, e dos atores principais Zahan Kapoor e Rahul Bhat, que discutiram a “sinergia para o sucesso” que transformou o drama carcerário em um destaque do streaming.
Baseada no livro “Black Warrant: Confessions of a Tihar Jailer”, escrito por Sunil Gupta e pela jornalista Sunetra Choudhury, a série narra os 35 anos de carreira de Gupta na famosa prisão de Tihar, onde ele lidou com presos notórios, como o serial killer Charles Sobhraj e os sequestradores Kuljeet Singh (conhecido como Ranga Khus) e Jasbir Singh (apelidado de Billa). Motwane, também conhecido por “Sacred Games”, explicou que o processo de adaptação exigiu focar em um período específico da carreira de Gupta, em vez de cobrir os 35 anos inteiros. “Se tentássemos cobrir tudo, a série se tornaria episódica demais, focando apenas em execuções. Onde estaria a graça nisso?”, questionou.
A ideia de adaptar o livro partiu da jornalista Josie Joseph e da Confluence Media, que identificaram o potencial da obra e contataram Motwane. “Josie me perguntou se eu estaria interessado. Li o livro, envolvi o Satya [Satyanshu Singh] e decidimos adaptá-lo. Escrevemos a bíblia da série, dois episódios e então apresentei ao Sameer”, contou Motwane.
A série apostou em uma mistura de talentos consagrados e emergentes. Kapoor interpreta o protagonista Sunil Gupta, enquanto Bhat dá vida ao Deputy Superintendent of Police Tomar. Bhat, conhecido por seu papel principal em “Kennedy”, de Anurag Kashyap, selecionado para Cannes, falou sobre sua abordagem ao personagem moralmente complexo: “Mesmo que seja um vilão, você precisa se relacionar e ter empatia. Você é o advogado daquele personagem.”
Kapoor, neto do renomado ator Shashi Kapoor e profundamente ligado ao legado do Prithvi Theatre de Mumbai, destacou que sua formação teatral foi essencial. Motwane elogiou Kapoor, afirmando que seus anos no teatro o ensinaram muito sobre construção de personagens e narrativa. “Ele trouxe um valor imenso para o projeto”, disse. Kapoor foi escolhido após um processo de audição que, segundo Motwane, foi convincente desde os primeiros segundos. “Ele era o cara certo. Foi muito metalinguístico, já que a cena que ele fez na audição era justamente a primeira da série.”
A série adotou um modelo de produção com múltiplos diretores sob a supervisão de Motwane, algo que ele acredita ser o futuro das séries de streaming na Índia. “É um modelo eficiente, que permite trabalhar de forma mais rápida e com mentes frescas”, explicou. No total, cinco diretores participaram do projeto, incluindo Motwane, Singh, Arkesh Ajay, Rohin Raveendran Nair e Ambiecka Pandit.
Sameer Nair, da Applause Entertainment, destacou a estratégia de produzir conteúdo antes de garantir uma plataforma de streaming. “Há um frio na barriga ao tomar decisões que outros precisam aprovar antes do público”, admitiu. Ele elogiou a Netflix por compreender a visão da equipe desde o início. “Com todo o crédito à Netflix, eles entenderam imediatamente.”
Sobre o equilíbrio entre estrelas e elencos conjuntos no streaming, Nair comentou: “Nas séries, as histórias são mais longas, profundas e ricas. Isso permite montar um elenco diversificado, descobrir novos talentos e surpreender o público.”
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Este artigo foi inspirado no original disponível em variety.com