A Wolf Games se descreve como “uma startup de jogos generativos apoiada pelas mentes por trás de Law and Order e Chicago Fire”, e só isso já dá uma ideia do que esperar de seu primeiro lançamento. Mesmo assim, o novo teaser do projeto Public Eye é surpreendente e, de certa forma, perturbador.
O jogo se passa em um futuro próximo—ano de 2028, segundo o trailer—em um mundo onde a criminalidade violenta explodiu. A polícia precisa de ajuda e, em vez de resolver as causas profundas do problema, decide recrutar o público para ajudar a solucionar investigações de assassinatos. Para isso, os aspirantes a detetives usarão um aplicativo chamado Public Eye, que permite “trabalhar com Ada para revisar evidências e, em seguida, usá-las para enviar uma acusação”. Ada é “a personalidade do programa”, uma IA cujo nome, claro, é uma sigla para Assistant District Attorney (Assistente do Promotor Público), uma referência direta ao universo de Law and Order.
Quando assisti ao trailer pela primeira vez, imaginei que Public Eye seria uma espécie de alerta sobre os horrores de uma sociedade de vigilância apoiada pelo uso irrefletido da IA. Isso seria uma abordagem surpreendente vinda das produções de Dick Wolf, conhecidas por glorificar a polícia. No entanto, há uma nuance: Wolf, o criador de franquias como Law and Order, One Chicago e FBI, é investidor da Wolf Games, mas a empresa foi fundada por seu filho, Elliot Wolf. Será que há uma distância criativa entre eles?
Aparentemente não, porque, ao que parece, eu estava enganado desde o início. A Wolf Games esclareceu que Public Eye é um jogo de detetive puro e simples, feito para entusiastas de true crime que querem solucionar mistérios e ver os bandidos pagarem por seus crimes. Uma abordagem mais convencional, mas que provavelmente terá um apelo maior do que um alerta sombrio sobre os perigos da tecnologia.
Além disso, o trailer de Public Eye traz uma sensação de “vale da estranheza”, e sim, isso é a IA generativa em ação. Enquanto o uso de IA generativa ainda é controverso no desenvolvimento de jogos mainstream, a Wolf Games está abraçando a tecnologia de forma integral.
Segundo o comunicado da empresa: “No coração da empresa está seu mecanismo de IA inovador, que revoluciona os jogos casuais diários ao gerar mundos detalhados e responsivos em tempo real. A tecnologia se molda às escolhas do jogador, dissolvendo as barreiras tradicionais entre a jogabilidade diária e a narrativa envolvente, criando uma experiência personalizada e profunda.”
Elliot Wolf, cofundador e diretor criativo da Wolf Games, complementou: “Com nossa plataforma de jogos generativos, estamos construindo experiências de entretenimento totalmente novas, profundamente envolventes e nunca antes possíveis.”
Os quatro comentários no YouTube até o momento não representam uma amostra estatisticamente significativa, mas as reações não são totalmente positivas: um deles descreve o jogo como “perturbador”, enquanto outro sugere que o conceito de Public Eye é “assustador”. Uma avaliação com a qual é difícil discordar nesta fase inicial.
Dito isso, estou curioso o suficiente para dar uma chance a Public Eye quando ele for lançado no verão. Não sou fã de mensagens pró-polícia na mídia mainstream, mas confesso que sou um grande admirador dos primeiros episódios de Law and Order (ainda uso “stuff the blini” regularmente). Estou genuinamente interessado em ver como—ou se—Public Eye vai revolucionar os procedimentos policiais como um grande nome do entretenimento em massa. Mas, é claro, mantendo um pé atrás e um certo desconforto.
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Este artigo foi inspirado no original disponível em pcgamer.com.