Riot Games anunciou que começará a permitir oficialmente patrocínios de apostas esportivas para equipes de esports em suas ligas de Tier 1 de League of Legends e Valorant. Embora a empresa afirme que ainda não permitirá anúncios em suas transmissões oficiais, as equipes poderão receber dinheiro de empresas de apostas para publicidade em seus próprios canais.

Em uma postagem no blog, o presidente de Publicação e Esports, John Needham, explicou que essa decisão visa aproveitar o crescimento acelerado da indústria de apostas esportivas e tornar as apostas relacionadas a esports mais regulamentadas. Para abordar preocupações e possíveis críticas, Needham ressalta que a empresa está autorizando os patrocínios sob uma estratégia de “primeiro pelas proteções”.

Essas “proteções”, segundo Needham, são essencialmente as regras que regem qualquer patrocínio. Primeiramente, as empresas de apostas esportivas devem ser avaliadas e aprovadas pela Riot, embora a empresa não tenha compartilhado os critérios para essa avaliação. Em segundo lugar, para garantir que as empresas de apostas atuem em igualdade de condições, a Riot exige que todos os parceiros oficiais utilizem o GRID, a plataforma de dados oficialmente sancionada para League of Legends e Valorant. Além disso, as equipes de esports devem implementar e manter programas internos de integridade para proteger contra violações das regras da liga devido à influência das apostas esportivas. Por fim, a Riot usará parte da receita obtida com esses patrocínios para apoiar suas ligas de esports de Tier 2.

Uma das maiores fontes de ansiedade em relação ao crescimento das apostas esportivas nos Estados Unidos tem sido a alta frequência de anúncios de apostas. A Riot aborda essa preocupação prometendo não exibir anúncios dessas empresas em seus canais de transmissão e sociais. Isso significa que as equipes não poderão ter anúncios de apostas em uniformes de membros da equipe. Os anúncios poderão ser veiculados apenas em canais próprios das equipes. Como Needham explica, “Cabe a cada equipe decidir como o conteúdo relacionado a apostas aparece em seus canais, dentro das diretrizes do programa de patrocínio, dos termos de serviço da plataforma de conteúdo e das regulamentações locais.”

A justificativa da empresa para autorizar os patrocínios de apostas esportivas parece girar em torno do desejo de combater redes e organizações de apostas clandestinas ou não autorizadas. “As apostas esportivas — e mais especificamente, as apostas em esports — são um espaço com o qual mais fãs optam por se envolver a cada ano”, escreve Needham. “De acordo com dados da Sportradar, o total de apostas globalmente envolvendo apenas LoL Esports e VCT alcançou um valor significativo em 2024. No entanto, o problema é que 70% das apostas em todos os esportes ocorrem em mercados não regulamentados com casas de apostas que não possuem licenciamento.”

Assim, a empresa espera trazer mais dessa atividade sob sua supervisão, onde almeja exercer alguma influência regulatória (e, supõe-se, coletar parte da receita gerada por aplicativos de apostas).

Apesar dos esforços do blog para enfatizar a proteção da integridade dos esports, Needham e a Riot ainda não abordaram as questões sociais que surgiram com o crescimento das apostas esportivas em todo o país. Um estudo patrocinado pela NCAA, por exemplo, descobriu que o aumento do assédio a atletas universitários nos Estados Unidos pode ser atribuído em grande parte à raiva e à decepção relacionadas às apostas esportivas. Essa dinâmica pode ser ainda mais preocupante nas questões de gênero; algumas evidências sugerem que o assédio relacionado a apostas atinge desproporcionalmente as mulheres. A Riot ainda não se manifestou sobre se tomará precauções específicas para mitigar os potenciais danos causados pelas apostas esportivas; até o momento, a ênfase parece estar em aliviar temores sobre manipulação de resultados ou outras ameaças à integridade dos esports.