Filme “Rosário” Explora Terror da Experiência Migratória Mexicana

ALERTA DE SPOILER: Este artigo contém revelações sobre o filme “Rosario”, que está em cartaz nos cinemas.

O filme “Rosario”, distribuído pela Mucho Mas Releasing, tem todos os elementos clássicos de um suspense sobrenatural: aparições fantasmagóricas, cenas de horror corporal e mãos sinistras emergindo das sombras. No entanto, o roteirista Alan Trezza quis ir além ao criar essa história. A protagonista, interpretada por Emeraude Toubia, é uma executiva que se vê obrigada a cuidar do corpo de sua avó recém-falecida em um apartamento, enquanto aguarda uma ambulância que demora a chegar devido a uma forte tempestade em Nova York — uma referência de Trezza aos primeiros dias da pandemia, quando corpos ficavam retidos em casa por falta de recursos médicos.

Dentro do apartamento, Rosario precisa lidar com um vizinho misterioso (David Dastmalchian) e aos poucos descobre que sua avó praticava magia negra, algo que pode ter influenciado sua própria trajetória de sucesso. Enquanto o mundo de Rosario é marcado por arranha-céus impessoais e luxo, a casa da avó é repleta de símbolos da cultura mexicana — incluindo indícios de rituais de feitiçaria. Trezza, filho de imigrantes e casado com uma mexicano-americana, quis abordar temas como imigração e assimilação cultural.

“Para alcançar o sonho americano, o preço vai além do sacrifício de tempo. Muitas vezes, é a própria identidade que se perde”, reflete o roteirista. “Quis explorar o que os imigrantes abrem mão: suas raízes familiares, sua cultura, até mesmo seus nomes e sotaques, tudo em nome de subir mais um degrau rumo ao sucesso.”

Em vez de recorrer a religiões como Santería ou Voodoo, Trezza mergulhou no Palo Mayombe, uma prática espiritual com aspectos sombrios. “Alguns o usam para o bem, mas há quem o distorça para o mal”, explica. “Cartéis de drogas no México levaram isso ao extremo, com relatos de sacrifícios humanos em busca de poder e proteção. A DEA já encontrou caldeirões com restos mortais em operações contra esses grupos.”

À medida que Rosario desvenda os segredos da família, os sustos não são apenas os clássicos “barulhos na escuridão” de filmes de terror. Eles refletem os horrores reais enfrentados por sua família na jornada migratória — perigos mais assustadores que qualquer fantasma. Trezza enfatiza que o medo na tela precisa ter significado: “Como fã de horror, acredito que os melhores sustos carregam simbolismo. Neste caso, quis mostrar os riscos e mortes que muitos imigrantes enfrentam em busca de uma vida melhor.”

A abordagem cultural inspirou Trezza a escrever um novo roteiro, desta vez sobre “alguém que usa magia para curar”, explorando o conflito entre magia branca e negra. Para ele, a cultura latina é um tesouro de histórias: “A herança mexicana e latina é rica em narrativas fascinantes e personagens incríveis.”

Este artigo foi inspirado no original disponível em variety.com

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