Michael Angarano e Michael Cera Exploram a Transição para a Idade Adulta na Comédia ‘Sacramento’

Michael Angarano e Michael Cera cresceram diante das câmeras. Começaram como atores miras e, durante os anos 2000, amadureceram sob os olhos do público — Angarano como o filho de Sean Hayes em Will & Grace ou o herói teen de Sky High, da Disney; Cera nas comédias ácidas de Arrested Development e Superbad. Hoje, aos trinta e poucos anos, a pressão de representar uma geração inteira já não pesa tanto. “Há quase 20 anos, eu ficava ansioso ao passar perto de um colégio, porque os alunos me reconheciam e criavam um frenesi que eu não sabia lidar. Agora, caminho tranquilo — eles nem sabem quem eu sou”, diz Cera, rindo. Os dois revivem essa transição no novo filme Sacramento, uma comédia sobre amigos de infância que se reencontram em uma viagem cheia de tensões. Dirigido por Angarano e coescrito por Christopher Smith (também ex-ator mirim), o longa explora a ironia de dois rostos conhecidos desde a infância agora interpretando adultos fugindo das responsabilidades.

“Se o público te conhece, é uma chance de subverter essa imagem”, diz Angarano. “Seria fácil, porque as pessoas não nos conhecem de verdade — só têm uma ideia de quem somos.” Cera completa: “Mas isso vale para o público mais velho. Tem gente que não faz ideia de quem a gente é. Adoro pensar que Sacramento pode ser o primeiro filme que alguém assista da gente — um adolescente num voo da Delta daqui a dois anos. Aí ele dá um Google e pensa: ‘Nossa, eles já fazem isso há tempos.'”

Cera, você compôs a trilha do primeiro filme de Angarano, Avenues (2017). Mas quando vocês se conheceram e como isso virou uma parceria criativa? Vocês surgiram na indústria quase ao mesmo tempo.

MICHAEL CERA: Foi no set de Ceremony, um filme que o Mike fazia com nosso amigo Max Winkler. Eu fui porque estava animado com o projeto do Max. Ia fazer a música, mas acabei não fazendo. Depois disso, viramos parceiros. Nos nossos 20 anos, tínhamos um grupinho em Los Angeles que sempre se encontrava.

MICHAEL ANGARANO: Éramos todos ex-atores mirins. Era nossa versão de uma turma da faculdade.

CERA: Quando você está começando na casa dos 20 e já trabalha, a maioria das pessoas da sua idade está na universidade — a não ser outros atores entre jobs.

ANGARANO: Foi ali que nos aproximamos. Mas fico confuso, porque também fiz teste para Scott Pilgrim.

CERA: Ah, sim, lemos juntos!

ANGARANO: Mas foi depois de Ceremony ou antes?

CERA: Era 2009, então… Quando foi Ceremony mesmo?

ANGARANO: Sei lá.

CERA: Nem eu.

ANGARANO: Enfim.

Quando você e Chris Smith escreviam o roteiro, Angarano, consideraram interpretar qualquer um dos papéis?

ANGARANO: Escrevemos pensando: “Talvez a gente faça, talvez um de nós, talvez nenhum.” Buscando financiamento, ficou claro que seria difícil. Então, se o Cera topasse, seria essa a versão. Se ele recusasse, eu estaria aberto a nem atuar. Mike era a única pessoa que imaginei para o papel — encaixaria naturalmente. Tinha ainda a possibilidade de ser um filme de US$ 25 mi com outro diretor e elenco.

Por que Cera era o “único” certo?

ANGARANO: Admiro ele como ator. Poucos são tão bons e engraçados. Mike sempre faz escolhas autênticas. Mandar o roteiro pra ele foi natural — sabia que, se não quisesse, não faria por obrigação. Pedir a um amigo parece sempre um favor, e eu não queria isso.

Cera, você tem dado visibilidade a filmes independentes, como Christmas Eve in Miller’s Point e The Adults. Ao lado de um colega que virou diretor, esse é um caminho que te interessa?

CERA: Estou tentando. Tenho projetos em andamento. Espero que saiam — é uma questão de persistência até as peças se encaixarem.

Os dois viraram pais desde o anúncio do filme. É um paralelo interessante com a trama, onde seu personagem, Cera, teme a paternidade. Isso influenciou o processo?

CERA: Tornou tudo mais visceral. O filme acabou sendo sobre essa transição irreversível, e minha experiência pessoal moldou isso.

ANGARANO: Não sei exatamente como me afetou, mas com certeza afetou. Tudo saiu do hipotético para o concreto. Seria curioso ver como o filme seria se o tivéssemos feito antes de sermos pais.

Sacramento está nos cinemas pela Vertical Entertainment.


Este artigo foi inspirado no original disponível em variety.com

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