Sonic The Hedgehog 4: Desvendando um Potencial Perdido!

Sonic the Hedgehog 4 completa 15 anos, revelando um legado de falhas e potencial inexplorado, mas ainda encanta fãs com sua jogabilidade.
Sonic the Hedgehog 4 está comemorando seu 15º aniversário hoje, 7 de outubro de 2025. Neste texto, refletimos sobre a tentativa irregular da Sega de reviver a clássica franquia em 2D e como o resultado acabou sendo decepcionante.
É inegável que Sonic the Hedgehog 4 apresenta falhas notáveis – a física estranha, o aparente reaproveitamento de níveis e chefes dos dois primeiros games da série, e a trilha sonora que recebeu críticas negativas, são alguns dos principais pontos. Contudo, apesar de seus defeitos, mesmo após 15 anos, confesso que ainda revisito os dois episódios ocasionalmente e, ouso dizer, me divirto.
O jogo possui sim seus momentos marcantes. Acredito que, ao invés de ter a mesma configuração de perigos e obstáculos em todos os níveis, cada ato de cada fase trazia uma mecânica única para se distinguir. Por exemplo, o primeiro ato de Casino Street apresentava flippers de pinball, bumpers e as brincadeiras típicas de máquinas caça-níqueis. Já o ato 2 introduzia uma nova dinâmica: saltar e correr por cartas de baralho que funcionam como plataformas. O terceiro ato trazia canhões coloridos que podiam ser direcionados manualmente para projetar Sonic pelo cenário. Visualmente, o jogo era encantador, capturando a estética vibrante dos títulos clássicos com um toque moderno. E, mesmo com o compositor Jun Senoue exagerando nos sintetizadores do Genesis/Mega Drive, a música ainda era bastante cativante.
Havia indícios de que a Sega estava atenta ao feedback. Muitas das falhas que afetaram o Episódio 1 foram significativamente aprimoradas no Episódio 2. Fases como White Park e Oil Desert trouxeram mais originalidade do que as do primeiro episódio. Tails, ao invés de ser um simples ajudante, ganhou utilidade ao poder carregar Sonic por abismos, superar água e neve em alta velocidade, além de eliminar inimigos com um poderoso ataque em equipe. Jogadores que possuíam ambos os episódios podiam revisitar os níveis do Episódio 1 como Metal Sonic, trazendo novas camadas de história que se entrelaçavam com a original, relembrando a tecnologia de lock-on dos anos 90.
A inclusão de Metal Sonic em um papel de destaque foi uma novidade para a franquia, marcando seu retorno cronológico após ser derrotado em Sonic CD. Exceto por Sonic Heroes, o personagem tinha sido relegado a aparições menores, geralmente em confrontos sem muito destaque. No Episódio 2, sua presença era constante, aparecendo a cada alguns níveis para lutar contra Sonic em diversas batalhas. Enquanto Sonic CD era um caso isolado entre os jogos clássicos, Sonic 4 estabeleceu uma conexão mais forte com eles. Igualmente, o retorno de Little Planet, local onde Sonic CD se passa, como uma poderosa fonte de energia para um novo Egg Death, foi uma homenagem interessante que poderia ter sido mais explorada.
Por isso, Sonic 4 é ao mesmo tempo fascinante e frustrante. Algumas ideias legais foram inseridas para revitalizar elementos clássicos, mas a introdução delas levou tempo demais. O Episódio 1 parecia uma remasterização glorificada de Sonic 1 e 2, com algumas reviravoltas. O Episódio 2 mostrou mais ambição e originalidade, porém, quando o jogador realmente se envolvia com a narrativa, o jogo já havia chegado ao fim. E quanto ao Episódio 3… bem…
Durante anos, não houve sinal de que um Episódio 3 estivesse em produção. A maioria dos fãs acreditava que o Episódio 2 não havia vendido o suficiente para justificar a criação de um terceiro. No entanto, anos após o lançamento do Episódio 2, o ex-gerente da marca Sonic 4 comentou em uma entrevista que o jogo estava previsto para ser uma trilogia, mas foi interrompido por razões não divulgadas. Essa afirmação ganhou suporte recentemente com a descoberta de uma versão beta do Episódio 2, revelando uma sequência cortada que mostrava o Egg Death recebendo energia da Esmeralda Mestra – e do Knuckles.
Além de fornecer prova concreta da existência planejada do Episódio 3, a cena sugeria que Knuckles teria um papel importante, possivelmente como um personagem jogável. Será que ele poderia explorar os níveis dos episódios anteriores como Metal Sonic, ou seria um personagem “auxiliar” que se juntaria a Sonic durante a jogabilidade, como Tails? O Episódio 3 teria se conectado aos episódios 1 e 2, criando um “Sonic 4 completo”, como Sonic 3 & Knuckles fez? Tudo que nos resta é especular.
E nada simboliza “potencial desperdiçado” como o fato de que havia conversas para que o Episódio 3 fosse desenvolvido por Christian Whitehead, o principal responsável por Sonic Mania, aclamado pela crítica. Imagine um Episódio 3 com física clássica impecável aliada ao design de níveis primoroso da equipe Mania. Melhor ainda, se eles tivessem incorporado melhorias na física dos episódios 1 e 2, alinhando-os mais com os jogos clássicos. Embora tenhamos recebido Mania anos depois, a ideia de que a saga Sonic 4 poderia ter terminado em alta é intrigante.
Embora eu saiba que Sonic the Hedgehog 4 nunca se tornaria uma obra-prima, muito menos um sucessor à altura de uma das maiores trilogias da história dos games, não consigo deixar de me surpreender com o enorme potencial que tinha para ser algo grandioso, caso tivesse sido concluído conforme a Sega originalmente planejou. A discussão sobre o jogo permanece essencialmente a mesma desde seu lançamento, há 15 anos. É um jogo divertido, mas que carece de inspiração, e que poderia ter sido muito mais.